Economia

EUA e China estão "à beira" de possível fim da guerra comercial

Secretário de Estado dos EUA disse esperar que um acordo seja fechado nas próximas semanas

Mike Pompeo: objetivo do acordo é tornar mais justo o comércio entre as duas maiores economias do mundo e eliminar tarifas (Andrew Caballero-Reynolds/Reuters)

Mike Pompeo: objetivo do acordo é tornar mais justo o comércio entre as duas maiores economias do mundo e eliminar tarifas (Andrew Caballero-Reynolds/Reuters)

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Reuters

Publicado em 5 de março de 2019 às 15h04.

WASHINGTON/PEQUIM - O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse nesta segunda-feira que os Estados Unidos e a China estão "à beira" de um acordo para encerrar a guerra comercial, reforçando sinais positivos de negociações de ambos os lados do Pacífico.

Em uma série de entrevistas a emissoras de rádio e televisão em Iowa, Pompeo disse esperar que um acordo seja fechado nas próximas semanas para tornar mais justo o comércio entre as duas maiores economias do mundo e eliminar as tarifas retaliatórias da China sobre as commodities agrícolas de Iowa, como a soja.

"Nós estamos tentando corrigir isso, consertar isso, torná-lo justo e recíproco e acho que estamos à beira de fazer isso e espero que todas essas tarifas desapareçam, todas essas barreiras", disse Pompeo à televisão KCCI em Des Moines, onde ele estava participando de uma conferência de agricultores.

Seus comentários ecoaram sentimentos positivos na segunda-feira do consultor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, e de um porta-voz do parlamento chinês.

Hassett disse à Fox Business Network que um acordo com a China é agora possível, dado o recente progresso nas conversações relatadas pelo representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer.

"Eu acho que parece que o embaixador Lighthizer fez muito progresso, e podemos chegar lá sobre a China", disse Hassett, acrescentando que detalhes de qualquer acordo ainda estão sendo trabalhados.

"Acho que todos estão esperançosos, como os mercados, de que isso chegará à linha de chegada em breve", disse Hassett.

Os Estados Unidos têm exigido que a China faça mudanças substanciais em suas leis e práticas para proteger a propriedade intelectual dos EUA, acabe com as transferências forçadas de tecnologia dos EUA para empresas chinesas, restrinja os generosos subsídios industriais e abra o mercado interno para as empresas norte-americanas.

Além disso, Washington tem procurado aumentar as compras chinesas de bens dos EUA, incluindo commodities agrícolas e de energia e produtos manufaturados, para reduzir o déficit comercial dos EUA com a China que o governo estima em mais de 417 bilhões de dólares em 2018.

Fontes a par das negociações disseram à Reuters que os dois lados ainda têm trabalho substancial pela frente para chegar a um acordo sobre uma maneira de garantir que a China cumpra suas promessas. As negociações ainda podem entrar em colapso se não for possível chegar a um acordo sobre a aplicação dessas chamadas questões "estruturais".

"Estamos ouvindo que as coisas estão muito adiantadas e as questões de fiscalização são o maior ponto de discórdia", disse Erin Ennis, vice-presidente sênior do Conselho Empresarial dos EUA, um grupo representando empresas dos EUA que fazem negócios na China.

Embora tenha havido progresso na linguagem para atender às demandas dos EUA em propriedade intelectual, subsídios e acesso a mercados, ela acrescentou: "Seria difícil finalizar a negociação se o plano de execução não for resolvido".

No domingo, Trump disse no Twitter que as negociações comerciais estavam progredindo bem e pediu à China para remover imediatamente todas as tarifas dos produtos agrícolas dos EUA, enquanto adia seu próprio plano de impor tarifas de 25 por cento sobre os produtos chineses.

Um encontro entre Trump e Xi poderia ocorrer ao redor de 27 de março para finalizar o acordo, disse o Wall Street Journal no domingo, citando uma fonte a par das negociações.

Um representante para a Casa Branca não quis comentar as negociações em andamento.

(Reportagem adicional de Doina Chiacu, Susan Heavey e Steve Holland em Washington e Michael Martina em Pequim)

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