Justin Trudeau e Donald Trump: estilos antagônicos (Jonathan Ernst/File Photo/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 17h08.
Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 17h10.
Economistas esperam uma disputa entre Canadá e Estados Unidos pelo primeiro lugar entre os países do G-7 com maior crescimento em 2020. No entanto, os dados mais recentes de população revelam que as duas forças que impulsionam suas expansões são muito diferentes.
O Escritório do Censo dos EUA divulgou em 30 de dezembro que a migração internacional líquida nos EUA caiu pelo terceiro ano consecutivo em 2019, atingindo o nível mais baixo em dez anos, para 595.000.
Considerando a redução da taxa de natalidade, isso ajudou a desacelerar o crescimento anual da população para o ritmo mais fraco em um século, segundo análise do demógrafo William Frey, da Brookings Institution.
No ano passado, o Canadá registrou imigração líquida de 437.000 pessoas, apesar de o país ter apenas um décimo do tamanho dos EUA. Com isso, o país mostrou o maior aumento populacional em 30 anos, mesmo com a queda da fertilidade.
Os dados mostram que os dois países contam com diferentes fatores para combater a tendência global do envelhecimento demográfico.
Embora o Canadá tenha adotado uma política de imigração de peso para aumentar a produção, os EUA se saíram melhor ao aproveitar a força de trabalho doméstica e gerar ganhos de produtividade.
Ainda não se sabe o modelo de desenvolvimento predominante em 2020. Economistas consultados pela Bloomberg News dão vantagem aos EUA, com crescimento projetado de 1,8% contra 1,6% do Canadá.
Ambas as previsões são muito mais altas que as estimativas para outros cinco países do G-7, cuja expansão média deve ficar em 0,7%.
EUA - 1,8%
Canadá - 1,6%
França - 1,2%
Reino Unido - 1%
Alemanha - 0,6%
Itália - 0,5%
Japão - 0,3%
No entanto, o impulso da imigração levou um banco a prever que o Canadá ultrapassará os EUA.
Favorecido por fortes aumentos anuais de população de 1,5%, o crescimento do Canadá poderia “facilmente” superar a expansão dos EUA este ano, “especialmente com alguma certeza sobre o USMCA”, disse em nota o economista-chefe do Bank of Montreal, Doug Porter, em referência ao novo acordo comercial da América do Norte.
A expansão demográfica do Canadá impulsionada pela imigração foi um dos poucos pontos positivos da economia, o que teria sustentado a força do trabalho e o mercado imobiliário.
Sem o crescimento da população, o país seria marcado por uma expansão muito mais lenta, já que os ganhos de produtividade permanecem fracos há anos. A produtividade do trabalho no Canadá aumentou 0,6% em relação ao ano anterior, contra 1,5% nos EUA.
Desde 2015, o número de imigrantes que chegam anualmente ao Canadá mais do que dobrou - o oposto do que está acontecendo nos EUA, onde a migração internacional líquida caiu quase pela metade. Em 2019, a população dos EUA aumentou em 0,5%, apenas um terço do ritmo do Canadá.
As razões por trás da trajetória descendente nos EUA incluem menos estrangeiros se mudando para o país, mais estrangeiros saindo e mudanças na migração porto-riquenha, de acordo com o Escritório do Censo dos EUA.
Políticas de imigração mais restritivas do governo Trump também reduziram o interesse de estudantes e trabalhadores estrangeiros, beneficiando o vizinho do norte.