Economia

EUA crescem no menor ritmo em 3 anos no 1º tri de Trump

O PIB cresceu somente 0,7% entre janeiro e março enquanto o gasto dos consumidores e do governo caíram a seus menores níveis em 3 anos

Donald Trump: o republicano ganhou a presidência com a promessa de estimular um crescimento mais rápido da maior economia do mundo (Aaron P. Bernstein/Reuters)

Donald Trump: o republicano ganhou a presidência com a promessa de estimular um crescimento mais rápido da maior economia do mundo (Aaron P. Bernstein/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de abril de 2017 às 18h28.

A economia dos Estados Unidos cresceu no primeiro trimestre de 2017 em seu menor nível em três anos, marcando um decepcionante começo da presidência de Donald Trump.

O PIB cresceu somente 0,7% entre janeiro e março enquanto o gasto dos consumidores e do governo caíram a seus menores níveis em 3 anos, segundo dados preliminares divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Comércio.

Embora esteja pouco abaixo de 0,8% do mesmo trimestre de 2016, o resultado está muito longe do crescimento de 2,1% do último trimestre do ano passado.

O resultado também está muito abaixo de 1,1% esperado pelos analistas.

O último primeiro trimestre decepcionante foi o de 2014, que teve uma queda de 1,2%.

Trump, que no sábado completa 100 dias na Casa Branca, ganhou a presidência com a promessa de estimular um crescimento mais rápido da maior economia do mundo.

Trump atribuiu a si o crédito pelo aumento da confiança dos consumidores, o aumento do emprego e os ganhos recordes nomercado de ações nos últimos meses.

"Que as pessoas se sintam felizes, não significa que necessariamente atuem dessa forma. E claramente não fizeram isso no primeiro trimestre", disse o economista Joel Naroff .

Baixas recorde

A Casa Branca promete um crescimento anual de 3%.

Considera que essa taxa vai gerar os recursos necessários para pagar os custosos cortes de impostos anunciados nesta semana.

No entanto, economistas questionam que a economia pode -ou deve- crescer tão rápido, especialmente sem estimular a inflação.

No entanto, o relatório do PIB está cheio de baixas recordes.

De acordo com o relatório, o consumo caiu a seu menor nível em quase oito anos, com um aumento de apenas 0,3%, com os gastos em serviços em seu menor nível em quatro anos e os pedidos de bens duráveis no mais baixo patamar desde 2011.

Os gastos em Defesa registraram uma contração de 4%, seu menor nível em quase três anos, impulsionando uma queda de 1,7% nos gastos governamentais, o menor resultado trimestral em quase quatro anos.

Analistas alertaram que o crescimento nos primeiros trimestres dos anos recentes tendeu a ficar abaixo da média.

O crescimento médio entre janeiro e março foi de 1%, o que é muito menos que nos outros trimestres, segundo Jim O'Sullivan da High Frequency Economics.

Além disso, as estimativas preliminares do PIB são revisadas com uma média de 0,6 ponto percentual.

Analistas advertiram também que a maioria dos números recentes sofreram alguma distorção com uma provável recuperação no trimestre seguinte.

Um inverno americano menos frio que o habitual fez cair os gastos com equipamento doméstico. Além disso, atrasos nas restituições de impostas deixaram os contribuintes com menos dinheiro no bolso, repercutindo no consumo.

Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics, disse que excluindo-se as distorções, o crescimento provavelmente teria estado mais perto dos 2%.

Este economista disse esperar um crescimento de 3% no segundo trimestre.

Os investimentos das empresas aumentaram 4,3% no primeiro trimestre, comparado com 9,4% registrado no trimestre anterior.

Uma recuperação dos preços do petróleo ajudou a sustentar o crescimento nesta categoria, com a mineração, exploração perfuração chegando a 449%, um recorde de todos os tempos, contra 23,7% no trimestre anterior.

"A saúde dos investimentos das empresas aumentam nossa confiança de que o primeiro trimestre foi apenas uma desaceleração temporária", comentaram especialistas do banco Barclays.

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