Economia

EUA caminha para avanço econômico e redução da dívida, diz Delfim Netto

Com Biden na Presidência e um Senado majoritariamente republicano, a dívida pública deve ser menor, com crescimento econômico sustentável

Eleições americanas: país deve avançar em relação ao equilíbrio fiscal (Joe Skipper/Reuters)

Eleições americanas: país deve avançar em relação ao equilíbrio fiscal (Joe Skipper/Reuters)

CA

Carla Aranha

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 14h42.

Última atualização em 6 de novembro de 2020 às 15h48.

O economista Defim Netto, ex-ministro da Fazenda, vem acompanhando atentamente a reta final da apuração dos votos da eleição americana, e já faz um diagnóstico sobre os novos rumos do país mais rico do mundo. Com Joe Biden na Presidência e um Senado majoritariamente republicano, a expectativa é que a proposta de aumento de impostos enfrente limitações, assim como o alcance do novo pacote de estímulo econômico. A consequência mais provável é um maior equilíbrio fiscal. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

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Como o senhor avalia o futuro da economia americana com Biden na Presidência e um Senado republicano?

Em um cenário como esse, o poder do presidente diminui dramaticamente. O Senado nos Estados Unidos é muito consciente de seu poder para barrar ou apoiar políticas que podem interferir no quadro econômico, fiscal e diversas outras pautas. O pacote de estímulo econômico proposto por Biden durante a campanha eleitoral, por exemplo, deve enfrentar limites importantes. Um Senado republicano também tende a controlar mais a expansão da dívida e o aumento de impostos, o que agrada os investidores.

A economia americana continuará crescendo?

Sim. Provavelmente Biden vai rever várias políticas de Trump, especialmente aquelas que se mostraram muito desastrosas. O controle da pandemia é uma delas. Trump sempre negou a importância do coronavírus e não preparou o país adequadamente para lidar com a pandemia. O resultado é que os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar do ranking mundial dos países com o maior números de casos, com mais de 250.000 mortos. Isso é péssimo do ponto de vista humanitário e também econômico, já que causou a paralisação de boa parte da atividade econômica.

Os Estados Unidos já estão vivendo a segunda onda do coronavírus. Biden terá mais condições de lidar com isso?

Sim. Para começar, Biden não é um negacionista. A pandemia continua descontrolada no país, com um aumento muito grande do número de casos. Provavelmente Biden irá propor uma política mais assertiva de controle do coronavírus. A administração de Trump foi bastante desastrosa nesse aspecto. As falhas de Trump em relação ao combate à covid foram um dos mais importantes fatores de sua derrota.

Quais foram os outros erros de Trump?

Ele infantilizou os Estados Unidos com a postura do “America First”, seus preconceitos, a falta de educação e posições de aberto confronto com países como a China. Precisamos lembrar também que Trump tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e da Organização Mundial do Comércio (OMC). Também se afastou da Europa. Os Estados Unidos estavam ficando isolados no mundo. Trump destruiu a política ecológica que vinha se desenhando no mundo.

E houve estragos para a democracia americana durante o governo Trump e agora na reta final das eleições?

Em seu pronunciamento desta quinta-feira, dia 5, Trump demonstrou que não respeita a democracia. Bastava ter seguido o protocolo e ter esperado o resultado das eleições para fazer um pronunciamento reconhecendo a vitoria do adversário. É só falar três linhas e pronto. Mas ele preferiu atacar o sistema eleitoral e acusar alguns estados de corrupção. De qualquer forma, nada disso foi uma grande surpresa porque o presidente nunca foi alguém confiável e respeitoso.

 

 

 

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