Economia

Etanol deve oscilar pouco no ano apesar de oferta maior

Os preços atuais no mercado físico estão cerca de 10% acima dos verificados ao final de janeiro


	Etanol: a partir de 1o de maio, o percentual da mistura de etanol anidro na gasolina subirá dos atuais 20% para 25%.
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Etanol: a partir de 1o de maio, o percentual da mistura de etanol anidro na gasolina subirá dos atuais 20% para 25%. (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2013 às 17h08.

São Paulo - Os preços do etanol devem registrar uma certa estabilidade no ciclo 2013/14, mesmo com a perspectiva de produção maior do combustível, uma vez que o aumento da mistura à gasolina e a demanda exportadora compensarão uma oferta excedente prevista para a nova temporada, disseram especialistas.

Os preços atuais no mercado físico estão cerca de 10% acima dos verificados ao final de janeiro, ganhando sustentação com a alta da gasolina e com o anúncio da mistura maior no combustível fóssil, mas não devem oscilar muito nos próximos meses apesar da safra recorde de cana esperada.

"Se houvesse alguma tendência de queda de preço, ela viria pelo aumento da safra... Mas isso nós acreditamos que será absorvido pelo aumento da mistura (de etanol na gasolina)", disse o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Miguel Tranin.

A partir de 1o de maio, o percentual da mistura de etanol anidro na gasolina subirá dos atuais 20 % para 25 %. Com o aumento na adição do biocombustível, haverá uma demanda adicional de 2 bilhões de litros de etanol, segundo cálculos de Archer Consulting.

Tranin observou ainda que os preços do etanol não tiveram as fortes oscilações que tradicionalmente ocorriam no passado entre o período de safra e entressafra.


A moagem da nova safra, que oficialmente começa em 1o de abril, já se iniciou em algumas localidades do centro-sul, mas o volume produzido ainda é pequeno.

As estimativas de moagem da cana no centro-sul na nova temporada variam entre 570 milhões e 600 milhões de toneladas, contra pouco mais de 530 milhões de toneladas da safra que está se encerrando.

A presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina, apontou ao final de janeiro que o centro-sul poderia colher um recorde de até 600 milhões de toneladas em 13/14, mas não divulgou suas estimativas para produção de açúcar e etanol na nova safra.

A Archer Consulting projeta produção de 25,2 bilhões de litros de etanol em 2013/14, versus um volume atual apontado pela indústria em 21,36 bilhões de litros em 12/13, no acumulado até o final de fevereiro.

A notícia da mistura deu sustentação aos preços do etanol, e deve levar o setor a direcionar mais cana para a produção do combustível, apontou o sócio-diretor da Archer Consulting, Arnaldo Corrêa.

"A entrada da safra vai ser alcooleira. Então é evidente que nesse caso o que vamos ver é uma pressão (de queda) maior nos preços do etanol no começo de safra", disse Corrêa, mas ele ponderou que a pressão pode ser amenizada pelas firmes exportações do combustível.

Exportações

Desde o início da safra 12/13 os embarques de etanol já estão fortes.


As exportações brasileiras de etanol cresceram 86 % no acumulado da safra 2012/13, de abril até o final de fevereiro, totalizando 3,23 bilhões de litros, segundo dados desta quarta-feira da Unica.

Deste total, 2,05 bilhões de litros foram de etanol anidro, com um salto de mais de 190 % ante igual período acumulado na temporada 2011/12.

O Brasil vem mantendo firmes exportações sobretudo para o mercado norte-americano, que paga um prêmio ao etanol de cana classificado como biocombustível avançado por emitir menos gases de efeito estufa.

O analista da Safras & Mercado Maurício Murici ressaltou que a concorrência das exportações deve colaborar para manter os preços do etanol sustentados.

"O mercado exportador está se mostrando muito atrativo, principalmente agora neste primeiro trimestre de 2013 por parte dos Estados Unidos... isso não deixa dúvidas sobre o que fazer com o etanol remanescente", disse Murici.

Ele contou que em alguns casos as usinas exportam até mesmo o etanol hidratado para algumas refinarias especializadas refazerem o processo de desidratação e entregar o anidro para o comprador.


"Isso aí tem ajudado também a manter os preços em alta no mercado físico brasileiro, pela redução na disponibilidade (do etanol)", acrescentou.

Acompanhamento da Safras & Mercado indica que o preço médio no mercado físico de etanol para entrega imediata na região de Ribeirão Preto, importante área produtora do centro-sul, ficou em cerca de 1,49 real por litro do hidratado no início desta semana.

O valor é praticamente estável ante 1,47 real por litro da semana anterior e contra a média de 1,37 real registrada em janeiro.

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