Estudantes e familiares se reúnem após tiroteio no instituto Pilchuck de Marysville, Washington (Jason Redmond/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 12 de fevereiro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2017 às 19h11.
São Paulo - Armas e escolas: uma combinação terrível e infelizmente muito frequente nos Estados Unidos.
Mas esse fenômeno pode estar relacionado a um terceiro fator: o desemprego.
É o que mostra um estudo publicado recentemente na revista Nature por sete pesquisadores da Northwestern University.
Eles encontraram uma relação estatística forte no nível municipal, regional e nacional entre a frequência de episódios com atiradores em escolas e a taxa de desemprego.
Ao contrário do que poderia se esperar, não há uma relação direta com a taxa de posse de armas em determinada região e o número de incidentes do tipo.
No banco de dados foram incluídos todos os casos que cumpriam os seguintes critérios: uma arma disparada, mesmo que por acidente, dentro de algum ambiente escolar e com algum tipo de envolvimento dos estudantes e/ou empregados.
O total encontrado foi de 381 casos entre 1990 e 2013, com 6,6% deles relacionados a gangues (muito abaixo da média fora da escola).
O número médio de vítimas por caso é um; apenas 6,3% tiveram três ou mais mortes. Essa média não subiu ao longo do tempo e na maior parte das vezes o atirador tinha como objetivo atingir alguém específico.
Os pesquisadores dizem que a relação entre os casos e altas do desemprego podem ter a ver com dificuldades na transição entre os ambientes da escola e do trabalho.
Também pode ser algum tipo de reação ao enfraquecimento da ideia de que participação no sistema escolar garante oportunidades econômicas.
Eles notam que "a falta de emprego está relacionada à baixa auto-estima, status diminuído e comportamentos danosos. Também há evidência de que menores podem responder ao desemprego de seus pais, e que as atitudes da juventude tem um impacto significativo sobre sua futura renda e perspectiva de emprego".