Barras de ouro são exibidas no escritório central da GoldSilver em Cingapura (Edgar Su/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 10 de novembro de 2020 às 16h14.
A disputada eleição presidencial nos Estados Unidos chegou ao fim e investidores que apostam no ouro ficaram entusiasmados com a perspectiva de uma presidência de Joe Biden. Mas a notícia sobre a vacina desenvolvida pela Pfizer teve efeito esmagador.
Depois de ser negociado em uma faixa estreita por quase dois meses, o ouro finalmente ganhou impulso suficiente para subir mais após as eleições, sendo negociado perto de US$ 1.966 a onça na segunda-feira. Mas o anúncio da Pfizer de que sua possível vacina mostrou 90% de eficácia na prevenção da Covid-19 desencadeou uma onda vendedora. No fechamento, o ouro havia despencado 4,5%, a maior queda desde a correção de agosto.
A volatilidade no início da semana dificulta as previsões para o ouro. Os preços subiram 1,3%, para US$ 1.887,35 a onça no pregão europeu na terça-feira, talvez por causa de algumas análises mais sóbrias sobre obstáculos que ainda precisam ser eliminados para a vacina. O aumento dos casos de coronavírus e a preocupante transição do presidente eleito ao poder dão mais razões para cautela.
Com a possibilidade de obter as primeiras remessas de vacinas até o final do ano, investidores claramente veem luz no fim do túnel para a pandemia. A lógica é que a descoberta de uma vacina vai dar força à recuperação, encurtando o prazo para o aperto da política monetária pelos bancos centrais, segundo Georgette Boele, do ABN Amro Bank.
“Se uma vacina for lançada, a economia se recuperará mais rapidamente”, disse Boele. “Os bancos centrais podem precisar afrouxar menos, ou a política monetária pode ser mantida acomodatícia por um período mais curto.”
Isso seria ruim para o ouro, que se beneficiou do dilúvio dos estímulos deste ano. O ouro bateu recorde em agosto, impulsionado por um colapso dos rendimentos reais dos títulos do Tesouro dos EUA diante da política acomodatícia do Federal Reserve.
De acordo com Boele, o próximo nível-chave para o ouro deve ser a mínima prévia de US$ 1.850, da qual se recuperou durante as correções anteriores. Se o ouro ficar acima disso, o rali pode ser retomado, enquanto uma queda abaixo desse patamar pode trazer mais pressão de baixa.
O Citigroup disse que o ouro pode estender a queda para US$ 1.775 a US$ 1.825 no curto prazo, mas que voltaria a comprar em um mergulho próximo à média de 200 dias, já que os riscos econômicos permanecem elevados. Embora analistas do banco tenham reduzido sua meta de zero a três meses para US$ 1.800, mantiveram o cenário de seis a 12 meses em US$ 2.300 a US$ 2.400, observando que o Fed ainda está comprando cerca de US$ 80 bilhões em títulos do Tesouro por mês.