Economia

Estrangeiros respondem por 70% do investimento em infraestrutura no Brasil

Crise econômica e a Operação Lava Jato fizeram os investidores nacionais perderem relevância nas obras de infraestrutura

. (Paulo Santos/Reuters)

. (Paulo Santos/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de outubro de 2018 às 12h24.

São Paulo - Enquanto os dois candidatos à Presidência têm demonstrado preocupação com a participação de estrangeiros na infraestrutura, um levantamento mostra que o capital externo está avançando no setor. É o dinheiro vindo de fora que tem garantido os investimentos em petróleo e gás, eletricidade, água, transporte e comunicações no País. Os estrangeiros, que em 2010 respondiam por 27% dos investimentos privados em infraestrutura no Brasil, agora, respondem por 70%.

A crise econômica e a Operação Lava Jato, que afetou em cheio o negócio das grandes empreiteiras, fizeram os investidores nacionais perderem relevância nas obras de infraestrutura. Nesse período, o volume total de investimentos privados anunciados no setor também despencou: de US$ 142 bilhões, em 2010, para US$ 49,3 bilhões no ano passado.

Os dados são de um levantamento da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) com base nos investimentos privados anunciados para o setor e coletados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Para o presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima, o levantamento deixa claro que o novo governo não pode menosprezar os investidores estrangeiros. "É preciso estimular esse investidor, porque o nacional não está dando conta."

Os estrangeiros, segundo o estudo, têm investido mais em projetos novos - cujo potencial para gerar emprego e renda é maior - do que os brasileiros. Desde 2004, a parcela de capital externo destinada a projetos que começaram do zero foi de 28%, ante 23% do capital nacional.

No programa de Jair Bolsonaro (PSL), a proposta é expandir ferrovias, rodovias e aeroportos, principalmente, com recursos privados. Mas o candidato já declarou restrições à presença chinesa na infraestrutura. O programa de Fernando Haddad (PT) fala em impulsionar o financiamento nacional, com a criação de um fundo constituído com reservas internacionais. A equipe do candidato considera arriscado depender do capital externo.

Para o especialista em infraestrutura Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B, o investimento estrangeiro é muito bem-vindo, desde que obedeça às leis. "Nossa infraestrutura está completamente depreciada", diz o economista. Neste ano, o investimento público e privado na infraestrutura deve representar 1,7% do PIB. Segundo o Ipea, seriam necessários aportes de 4,15% do PIB ao ano, por duas décadas, para modernizar o setor.

"O investimento estrangeiro é uma alternativa, não sei se para sempre, mas nessa transição, enquanto o setor público estiver muito acanhado, temos de contar com ele", diz Frischtak.

O presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, Venilton Tadini, não vê problemas no avanço do investimento estrangeiro na infraestrutura. "O importante é ter agências reguladoras devidamente estruturadas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraInfraestruturaOperação Lava Jato

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto