Economia

Estoque de carros é o mais alto em 16 meses

Os estoques somados são suficientes para cerca de 40 dias de vendas, o mais alto nível desde maio de 2012


	Carros estacionados no Porto de Santos: o que preocupa as empresas é a queda no ritmo de venda dos automóveis
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Carros estacionados no Porto de Santos: o que preocupa as empresas é a queda no ritmo de venda dos automóveis (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2013 às 09h50.

Brasília e São Paulo - A desaceleração das vendas de automóveis no país começa a elevar os estoques nos pátios das montadoras. Preocupadas, as empresas negociam com o governo uma prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido pelo menos até o fim de março do ano que vem. Pelo calendário atual, o imposto volta aos patamares anteriores em janeiro.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, o governo aceita negociar, mas avalia que "alguma recomposição" do imposto deve haver em janeiro. Ou seja, para veículos de motor 1.0, chamado de "populares", por exemplo, o IPI passaria dos atuais 2% para 7% no início do ano, pelo que está previsto hoje. Mas o governo pode reduzir o ritmo dessa volta ao patamar "normal" do imposto.

O que preocupa as empresas é a queda no ritmo de venda dos automóveis. Nos dez primeiros dias úteis de outubro, foram licenciados 138,5 mil veículos, 3,6% menos que em igual período de setembro.

Os estoques somados são suficientes para cerca de 40 dias de vendas, o mais alto nível desde maio de 2012, quando chegava a 43 dias. No final daquele mês, o governo reduziu o IPI, benefício mantido até agora, ainda que parcial, mas com previsão de término em dezembro.

Um indicador da Confederação Nacional da Industrial (CNI) também mostra o acúmulo de produtos. Em agosto, o estoque efetivo em relação ao planejado no setor de veículos automotores chegou a 55 pontos, superior aos 53,3 pontos de julho - acima de 50 indica aumento de estoque.


"O consumo está mais moderado e houve aumento da taxa de juros, o que impactou a indústria como um todo, e especificamente o setor automotivo", diz Flávio Castelo Branco, gerente executivo de Políticas Econômicas da CNI. Na indústria geral, o indicador está em 51,3 pontos.

Reação

Na avaliação do economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria, os efeitos da política de redução do IPI tendem a se acomodar ao longo do tempo. Ele acredita, porém, que as vendas podem até reagir no último trimestre porque o fim do benefício "pode causar uma antecipação de compra."

Desde a semana passada, executivos da indústria automobilística têm dito que a volta da cobrança da alíquota integral do IPI pode esfriar ainda mais o mercado em 2014. As visitas de executivos a representantes do governo em Brasília têm sido frequentes.

Os fabricantes iniciaram 2013 com projeções de crescimento de 3,5% a 4,5% em relação aos 3,8 milhões de veículos vendidos em 2012, mas recentemente a aposta caiu para 1% a 2%, e há quem tema um resultado ainda pior - estagnação ou queda de vendas. As vendas do setor registram crescimento anual consecutivo desde 2005.

Apesar dos estoques, a situação da indústria não é preocupante pois as exportações seguem em ritmo de recuperação, o que tem garantido bom desempenho da produção. Várias fabricantes, como Volkswagen e General Motors, suspenderam ou reduziram jornadas extras que vinham mantendo aos sábados desde o início do ano.

Na terça-feira, 15, representantes da indústria automobilística estiveram no Ministério da Fazenda, mas foram pedir incentivos tributários para a produção de máquinas e equipamentos rodoviários, agrícolas e de construção. Colaboraram Eduardo Cucolo, Laís Alegretti e Gustavo Porto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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