Economia

Estiagem na lavoura acelera IGP-10 em março, diz FGV

O índice passou de 0,30% em fevereiro para 1,29% neste mês


	Colheita de soja: dentro do Índice de Preços ao Produtor Amplo, a soja em grão teve aumento de 2,83% no mês, ante queda de 8,66% em fevereiro
 (Ty Wright/Bloomberg)

Colheita de soja: dentro do Índice de Preços ao Produtor Amplo, a soja em grão teve aumento de 2,83% no mês, ante queda de 8,66% em fevereiro (Ty Wright/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 15h36.

Rio - A estiagem prolongada dos últimos meses e seus efeitos nas lavouras foram os principais responsáveis pela forte aceleração do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) em março, avaliou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice passou de 0,30% em fevereiro para 1,29% neste mês.

Um dos itens de maior peso (60%), o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), acelerou de 0,07% para 1,65%. "A alta dos preços dos produtos agrícolas, especialmente das matérias-primas agrícolas, ficou muito evidenciada neste mês", disse o superintendente adjunto de inflação da FGV/IBRE, Salomão Quadros.

Dentro do IPA, a soja em grão teve aumento de 2,83% no mês, ante queda de 8,66% em fevereiro. "O que indica uma grande amplitude de mudança (no comportamento do seu preço)", diz Quadros. Outra alta significativa no IPA veio do milho (de 1,49% para 8,58%) e do café (de 6,87% para 26,11%).

"Os efeitos da estiagem sobre os preços estão aparecendo. Ainda não se sabe precisamente o quanto se perdeu em cada cultura, mas já temos estimativas", diz. Quadros explica que, como não se sabe exatamente o quanto haverá de perda, há uma pressão nos preços. Uma parte dela vem da demanda de quem quer antecipar a compra, com receio das altas, e a outra de quem vende, que quer esperar para comercializar o produto a um preço melhor. "Muitas vezes, a subida forte tem a ver com o que podemos chamar de adicional do desconhecimento do volume perdido", diz.

Diferentemente dessas matérias-primas, o trigo não sentiu o efeito da estiagem brasileira, afirma o especialista. Isso porque é pouco produzido no País, sendo que cerca de 70% do que é consumido vem do exterior. "Além disso, o trigo no Brasil é uma cultura de inverno, é colhido mais no fim do ano", afirma.

Quadros avalia que o efeito da estiagem neste ano será menor do que o visto em 2012 e que haverá uma subida de preços mais forte agora. Mas é possível que isso se acomode nos próximos meses, já que os prejuízos não se mostrarão tão significativos. "A perda em volume (da soja) foi de 8% naquele ano. Neste ano, é estimada em 2%", diz.

Ainda dentro do IPA, a variação do preço dos bovinos passou de 1,07% em fevereiro para 2,96%. Nesse caso, houve o efeito da estiagem, que resulta em pastos com mais falhas e, na consequente, menor ganho de peso dos bois. Outro fator foi uma maior demanda externa pelo produto, seja em razão do câmbio, seja pela recuperação de economias da Europa e dos EUA.

Na categoria do IPA chamada bens finais (produtos que vão diretamente para o varejo), a alta foi influenciada também pela estiagem na alimentação in natura, com a variação passando de uma queda de 1,82% para uma alta de 11,22%. Entre os itens que ficaram mais caros para os produtores, estão o tomate (de 6,83% para 28,85%). O início do ano é o período em que o tomate costuma subir, devido às chuvas. "Neste ano, resistiu mais tempo. Mas com três meses de estiagem, começa a aparecer o efeito no tomate", completou. )

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