Bandeira dos Estados Unidos e da Venezuela (Michele Sandberg / Contributor/Getty Images)
EFE
Publicado em 26 de abril de 2019 às 13h36.
Última atualização em 26 de abril de 2019 às 15h53.
Washington — Os Estados Unidos aumentaram nesta sexta-feira a pressão contra o governo de Nicolás Maduro ao impor sanções contra o chanceler venezuelano Jorge Arreaza e prometer novas medidas contra Caracas e "aqueles encarregados de conduzir sua diplomacia".
Washington impulsiona uma série de sanções contra instituições políticas e financeiras da Venezuela no marco de sua campanha pelo reconhecimento do líder parlamentar Juan Guaidó, que em janeiro se proclamou presidente interino ao considerar que o segundo mandato de Maduro iniciado em 10 de janeiro carece de legitimidade.
"Os Estados Unidos não vão ficar olhando como o regime ilegítimo de Maduro priva o povo venezuelano de sua riqueza, humanidade e seu direito à democracia", disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
Após o reconhecimento de Guaidó, os dois países romperam relações diplomáticas e começaram uma luta por quem tem o direito de exercer representação diplomática da Venezuela em Washington, atualmente ocupada por ativistas esquerdistas favoráveis a Maduro.
Arreaza alertou nesta quinta-feira da ONU, em Nova York, que se os Estados Unidos entrarem na embaixada de Caracas em Washington, seu país poderá adotar uma ação recíproca.
"Há reações que confirmam que andamos no caminho correto (...). Ontem, na ONU, denunciamos de forma irrefutável o bloqueio criminoso dos EUA contra a Venezuela. O governo de Trump responde com desespero contra nós", tuitou Arreaza nesta sexta.
As sanções anunciadas nesta sexta-feira também afetam a juíza Carol Padilla, que esteve envolvida na prisão no mês passado do chefe de gabinete de Guaidó, Roberto Marrero.
"Como resultado das sanções de hoje, todas as propriedades desses indivíduos e qualquer propriedade que eles tenham, direta ou indiretamente, em uma porcentagem de 50% ou mais, que estejam nos Estados Unidos ou em posição ou controle de pessoas nos Estados Unidos estão bloqueados ", disse o Departamento do Tesouro.
Os Estados Unidos reiteraram que essas sanções não precisam ser permanentes e visam uma "mudança de comportamento".
A Venezuela mergulhou em uma crise econômica sem precedentes na história recente da região, desde janeiro tem sido uma luta de poder entre Guaidó, reconhecida por mais de 50 países como presidente interino, e Maduro, que tem o apoio de países estrangeiros como Rússia e China.
O país caribenho vive a pior crise de sua história moderna, com a expectativa de que a hiperinflação atinja 10 milhões de dólares este ano e a escassez de bens básicos que causou a migração de mais de 2,7 milhões de pessoas desde 2015, segundo a ONU.
O Tesouro informou que esses ativos devem ser reportados ao Departamento de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC).
A série de sanções que os Estados Unidos realizaram contra o governo da Venezuela começou em 2014, durante o governo de Barack Obama, com uma lei que impunha penalidades contra pessoas responsáveis por violações de direitos humanos na Venezuela.
Já sob o governo de Donald Trump, o Tesouro sanciona oito membros do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela por decisões que "usurparam" a autoridade da Assembleia Nacional, o parlamento democraticamente eleito e controlado desde janeiro de 2016 pela maioria dos partidos de oposição.
Em julho de 2017, o Tesouro sancionou o Presidente Nicolás Maduro, poucos dias após a realização das eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte com o objetivo de impor "um regime autoritário".
Após o início do segundo mandato de Maduro em 10 de janeiro, os Estados Unidos impuseram sanções contra a estatal PDVSA para impedir que Maduro desviasse ativos da Venezuela até que o poder fosse transferido para um governo de transição ou um novo governo eleito de acordo com as normas democráticas.