Aeroporto JFK, em Nova York, vazio por causa do coronavírus. 16 de abril de 2020 (Spencer Platt/Getty Images)
Ligia Tuon
Publicado em 18 de abril de 2020 às 08h13.
Última atualização em 18 de abril de 2020 às 08h13.
Poucos países foram poupados das consequências econômicas devastadoras do surto de coronavírus. Mas nenhuma economia terá um impacto maior no crescimento global do que os Estados Unidos.
O país com mais casos confirmados de Covid-19 deverá responder por 31% da retração deste ano no PIB global, segundo cálculos da Bloomberg com dados do Fundo Monetário Internacional. O número é mais do que o dobro da participação do país na produção global. O FMI prevê que a economia global irá encolher 3% neste ano, a maior queda em quase um século, e se expandir quase 6% em 2021.
“Embora sejam essenciais para conter o vírus, os confinamentos e restrições à mobilidade têm causado um impacto considerável na atividade econômica. Os efeitos adversos da confiança provavelmente pesarão ainda mais nas perspectivas econômicas”, disse o FMI no relatório “World Economic Outlook” divulgado nesta semana.
A Alemanha e o Japão responderão pela segunda e terceira maiores proporções da queda, com mais de 7% cada. Na América Latina, Brasil e México terão um peso de 4,5% e 4,3% na retração global, respectivamente.
A economia dos EUA foi devastada pela pandemia. Mais de 667 mil casos de Covid-19 foram confirmados, enquanto mais de 32,8 mil pessoas morreram. A Itália vem em segundo lugar, com cerca de 169 mil casos e 22 mil mortes.
No ano de 2020, o FMI prevê que o PIB vai encolher 5,9% nos EUA, 9,1% na Itália, 7% na Alemanha e 5,2% no Japão. Esses resultados sombrios serão compensados pelo crescimento na China e na Índia, duas das maiores economias.
Para 2021, o Fundo espera forte recuperação, com expansão de 5,8% da economia global, a mais forte já registrada pelo FMI desde 1980. A China deve liderar o ritmo, contribuindo com uma participação de 29,2%, e os EUA em segundo lugar, com 12,8%. Índia, Indonésia e Alemanha completam a lista dos cinco primeiros.
O FMI estima que a China crescerá 9,2% no próximo ano, contra 1,2% em 2020. A economia dos EUA teria expansão de 4,7%, a mais forte desde 1999.
Alguns economistas alertam que as perspectivas do Fundo são muito otimistas.
“As projeções para 2021 são otimistas demais, uma vez que piso da recessão econômica não foi atingido em muitas grandes economias”, disse Ehtisham Ahmad, ex-consultor sênior do FMI.
Thomas Torgerson, corresponsável de classificação soberana da DBRS Morningstar, demonstrou preocupação semelhante: “A pandemia de coronavírus e a resposta associada geraram enorme incerteza para previsões econômicas e análises de risco de crédito.”