Economistas: "De fato esse meta é mais crível, porque os números estavam apontando que era muito difícil mesmo conseguirem entregar aquela meta anterior" (Thinkstock/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 7 de abril de 2017 às 21h57.
Brasília/São Paulo - O governo federal piorou a meta de déficit primário fiscal para o governo central (governo federal, Banco Central e Previdência) em 2018, a 129 bilhões de reais, marcando outro ano de forte rombo nas contas públicas sob o impacto da fraqueza econômica.
Antes, a expectativa indicada era de um saldo negativo de 79 bilhões de reais.
Veja abaixo comentários de especialistas:
"De fato esse meta é mais crível, porque os números estavam apontando que era muito difícil mesmo conseguirem entregar aquela meta anterior. Este ano a gente ainda está no risco de não cumprir a meta.
"Isso tudo coloca mais pressão sobre a reforma da Previdência, que ela tem que sair e tem que sair razoável. Se no fim das contas sair algo bastante desfigurado, aí toda a tensão, percepção de risco sobre sustentabilidade das contas públicas vai voltar a ser debatido, vai voltar a ser colocado no preço, e isso pode ter efeitos ruins para o cenário econômico. Só aumenta a pressão pra sair uma reforma da Previdência razoável, bem razoável, eu diria."
"Não vou dizer que era esperado. O mercado não vinha discutindo esse assunto. Mas não é à toa que estamos num país que se propõe a fazer reformas estruturais. Este ano o déficit só não vai ser maior porque há receitas temporárias.
"É claro que no ano que vem, diante da melhora esperada para o crescimento, pode ter alguma boa surpresa na arrecadação. Também acho que não vai ser enorme porque as empresas estão numa situação muito frágil e devem primeiro pagar os bancos para depois se acertarem com o Fisco.
"Mas esse é o momento de lembrar as razões que chegamos nesse rombo. E é aquilo: é pior uma meta um ruim, mas crível."
"Os déficits maiores de 2018 e 2019 refletem o fraco desempenho da receita projetada devido ao declínio acentuado na atividade e à expectativa de uma recuperação pouco inspiradora, mas também ao fato de que os gastos públicos já altos continuam a aumentar em termos reais. Na nossa avaliação, um esforço maior e mais eficaz para reduzir os gastos a curto prazo seria bem-vindo."