Segundo economista, o aumento consumo familiar cria pressões inflacionárias (./Reprodução)
Da Redação
Publicado em 9 de junho de 2010 às 09h15.
Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidirá nesta quarta-feira (9) sobre a taxa básica de juro, que atualmente está em 9,50% ao ano. Para Monica Baumgarten de Bolle, da Galanto Consultoria, o BC deve dar continuidade ao ciclo de aperto monetário, iniciado na última reunião do Copom.
A consultora aposta em um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa Selic - mesma alta determinada pelo comitê na última reunião, em abril. "As fortes pressões inflacionárias são impulsionadas principalmente pelo desequilíbrio de demanda que o excesso de consumo está gerando", analisa a economista.
Para Monica, a expansão do crédito e os estímulos do governo como redução de IPI impulsionaram o consumo das famílias. No entanto, com a alta da Selic, o cenário tende a mudar. "De um modo geral, o brasileiro deve sentir um aperto maior nas taxas de financiamento por conta da elevação de juros. Isso vai frear um pouco o consumo", explica Monica.
A consultora defende que desaquecer a economia é necessário. "Não dá para crescer mais que está crescendo", disse ela, referindo-se à alta 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2010 em comparação com igual período do ano anterior. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta terça-feira (8) e, segundo Monica, o resultado foi impulsionado pela demanda de absorção interna (consumo das famílias mais investimentos do governo).
O presidente do Conselho Federal de Economia, Waldir Pereira Gomes, concorda que a demanda interna está muito alta. "Não tem como o mercado responder a isso", disse ele. Mesmo acreditando que a taxa de crescimento no primeiro trimestre foi "auspiciosa", ele destaca que a inflação é preocupante.
Gomes critica as taxas de juros praticadas no país, “que atrapalham o crescimento”. "O Brasil tem potencial de crescer ainda mais, mas faltam investimentos públicos. O brasileiro enfrenta taxas de juro muito elevadas, não é só a Selic", defendeu o economista, que prevê uma alta dos juros nesta reunião entre 0,5 p.p. e um ponto percentual.
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