Bandeira da Espanha (Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images)
AFP
Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 14h24.
O ministro espanhol Luis de Guindos tornou-se, nesta segunda-feira (19), o único candidato à vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE), após a saída de última hora de seu rival irlandês, abrindo caminho para a Espanha voltar à cúpula do instituto emissor.
"É importante e do interesse do BCE que a decisão se baseie no consenso, então eu retirarei [o candidato irlandês] Philip Lane", disse o ministro de Finanças da Irlanda Paschal Donohoe. Ele afirmou já ter falado com De Guindos, a quem desejou "a melhor sorte".
A Espanha, quarta maior economia da zona do euro, apresentou seu ministro da Economia à vice-presidência da instituição com sede em Frankfurt, na Alemanha, com o objetivo de voltar ao alto escalão do poder de decisão.
Os ministros das Finanças europeus devem agora propôr formalmente a candidatura do espanhol aos líderes da UE, que, em meados de março, devem dar sua aprovação final, depois de consultar a Eurocâmara e o próprio BCE.
Embora sua opinião seja apenas consultiva, a comissão da Economia da Eurocâmara considerou "mais convincente" a audiência informal a portas fechadas de Lane, governador do Banco Central da Irlanda, frente à candidatura espanhola.
Se De Guindos for nomeado, a vice-presidência do BCE, atualmente exercida pelo português Vítor Constâncio, será controlada, a partir de 1 de junho, pelo arquiteto dos planos de austeridade aplicados na Espanha após o resgate europeu do setor bancário em 2012.
De Guindos protagonizou o "milagre da recuperação econômica" da Espanha, disse, antes de saber da saída do irlandês, a ministra espanhola de Agricultura, Isabel García Tejerina, para quem isso lhe habilita a qualquer cargo de responsabilidade "a nível europeu".
"Ele é um homem competente, que saberá aplicar, ou afirmar, sua experiência em suas novas funções", disse o Comissário Europeu para Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, antes da reunião.
A designação da vice-presidência abre um período de renovação de postos-chave no BCE, cujo presidente, Mario Draghi, deve deixar as funções em 31 de outubro de 2019. Com a escolha do espanhol, as portas para um presidente do norte ficam abertas, segundo analistas.
"Se for De Guindos, isso que dizer que alguém do norte será nomeado para ficar à frente do BCE", opinou Philippe Waechter, diretor de pesquisa econômica na Natixis, que considerou "obscuro e opaco" o processo de seleção do presidente da instituição.
Entre os possíveis sucessores de Draghi, estão governadores de bancos centrais das principais economias da zona do euro, como o alemão Jens Weidmann e o francês François Villeroy de Galhau.
A Eurocâmara deve manter sua pressão para encontrar um equilíbrio de gênero - especialmente quando a única mulher entre os seis membros da diretoria é a alemã Sabine Lautenschläger.
Em 2012, os deputados europeus rechaçaram a candidatura do luxemburguês Yves Mersch, que acabou vencendo o espanhol Antonio Sáinz de Vicuña na disputa por uma vaga no comitê-executivo do BCE. Sua nomeação significou a saída da Espanha dos integrantes da cúpula.