Economia

Espanha discutiu resgate de 300 bi de euros com Alemanha

O ministro da Economia da Espanha levantou a questão ao seu contraparte alemão numa reunião em Berlim

Bandeira da Espanha em Madri, capital do país (Andrea Comas/Reuters)

Bandeira da Espanha em Madri, capital do país (Andrea Comas/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2012 às 12h47.

A Espanha, pela primeira vez, reconheceu que pode precisar de um resgate integral da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) no valor de 300 bilhões de euros se os seus custos de empréstimo continuarem altos de forma insustentável, afirmou uma autoridade da zona do euro.

O ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, levantou a questão ao seu contraparte alemão, Wolfgang Schaeuble, numa reunião em Berlim na última terça-feira, à medida que os custos de empréstimo do país subiram para 7,6 por cento, de acordo com a fonte.

Se necessário, o dinheiro viria além dos 100 bilhões de euros já acertados para apoiar o setor bancário da Espanha, levando os recursos da zona do euro para o limite, e Schaeuble disse a De Guindos que ele não estava disposto a considerar um resgate antes de o fundo de resgate permanente do bloco monetário, o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês), entrar em operação mais tarde neste ano.

"De Guindos falou de aproximadamente 300 bilhões de euros para um programa integral, mas a Alemanha não ficou confortável com a ideia de um resgate agora", disse a autoridade à Reuters.

"Nada irá acontecer até que o ESM esteja funcionando. Uma vez que este estiver operacional, nós veremos quais são os custos de empréstimo da Espanha e talvez retornaremos à questão", afirmou a autoridade.

O governo da Espanha, no entanto, informou oficialmente nesta manhã que não haverá resgate ao país e que isso não é uma opção.

A Espanha tem afirmado repetidamente que não precisará seguir Portugal, Irlanda e Grécia e buscar um resgate integral. Questionado sobre os comentários da fonte, uma porta-voz do governo disse nesta sexta-feira: "Nós negamos fortemente qualquer plano do tipo. Essa possibilidade (de um resgate de 300 bilhões de euros para a Espanha) não foi considerada ou discutida." Enquanto Schaeuble e De Guindos se encontravam na terça-feira, os custos de empréstimo da Espanha alcançaram o maior nível desde que o país adotou o euro, atingindo 7,64 por cento para os títulos de dez anos --um nível com o qual a Espanha não consegue tomar empréstimos no mercado de forma sustentável.

Mas na quinta-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse que a autoridade monetária está pronta para agir a fim de diminuir os yields espanhóis, fazendo os de títulos de dez anos do país caírem para 6,88 por cento.

Uma segunda autoridade da zona do euro disse que a Espanha pode administrar a situação sem resgate, mas afirmou que o país fez erros de comunicação que preocuparam os investidores. Questionado se Madri precisa de um resgate, a autoridade disse: "Em termos de pura aritmética, não, se as taxas de juros forem proporcionais ao que eu considero uma situação sustentável." (Reportagem adicional de Luke Baker em Bruxelas e Eva Kuehnen e Sakari Suoninen em Frankfurt)

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaCrises em empresasEspanhaEuropaPaíses ricosPiigs

Mais de Economia

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1