Escolaridade: menos expressivo o recuo para o fundamental completo foi de 1,4%, e, para o fundamental incompleto, de 1,2% (adam.declercq/ Photopin)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2015 às 16h03.
Rio de Janeiro - Os trabalhadores com maior escolaridade têm sido os mais atingidos pela piora no mercado de trabalho brasileiro, revelou hoje (27) o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) no Boletim Mercado de Trabalho: Conjuntura Econômica e Análise.
Para quem tem ensino médio completo, a queda na taxa de ocupação foi de 2% medida pela Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Menos expressivo o recuo para o fundamental completo foi de 1,4%, e, para o fundamental incompleto, de 1,2%. Os homens também foram mais afetados do que as mulheres, com um recuo de 1,6% contra 0,5%.
No recorte por faixa etária, os mais jovens foram os que apresentaram a maior piora nos indicadores. Em um recorte por faixa etária, a taxa de ocupação caiu 3,5% para a população de 14 a 24 anos, e 0,4% para a de 25 a 59 anos.
Para os idosos houve um aumento na taxa de ocupação, de 1,4%.
Ao contrário dos últimos três anos, o segundo trimestre de 2015 não conseguiu superar a população ocupada que o país tinha no último trimestre do ano anterior.
Em geral, a população ocupada cai do quarto para o primeiro trimestre, mas sobe para a um patamar maior no segundo.
No segundo trimestre de 2015, a população ocupada era de 92,211 milhões, contra 92,875 milhões no quarto trimestre de 2014, o maior número registrado na série histórica da Pnad.
A pesquisa aponta que a piora dos números vem principalmente da redução das admissões e não das demissões.
Outro número que teve a inversão de sua tendência de queda foi a taxa de informalidade, que subiu de 44,3% para 44,7% do primeiro para o segundo trimestre de 2015.
O diretor da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), André Calixte, avaliou a situação como preocupante, porque o mercado de trabalho "tem sido um dos pilares da inclusão social no país" e agora o cenário apresenta uma tendência de reversão.
"Metade da redução da desigualdade veio do mercado de trabalho", disse, acrescentando que as políticas sociais e os investimentos em infraestrutura foram os outros fatores que reduziram a desigualdade no Brasil.
Calixte afirmou que o Brasil "está em uma corrida contra o tempo" para reverter as expectativas do mercado a tempo de garantir uma retomada da economia e "salvar o Natal".
A pesquisa aponta que uma conjuntura mais favorável depende de uma retomada das expectativas positivas "o mais rápido possível".
"Essa corrida contra o tempo se torna cada vez mais difícil conforme a gente demora a sair da crise", disse Calixte, que explicou que o tempo de duração do desemprego dificulta a volta do desempregado ao mercado de trabalho.
Para o pesquisador, se a retomada não for anterior ao Natal, a situação pode se agravar com as demissões dos temporários contratados para atender à demanda do fim do ano.
Calixte considera que políticas como o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) podem ter um efeito já no curto prazo, evitando demissões.
Outra iniciativa destacada como positiva foi o fórum tripartite com representantes dos trabalhadores, empresas e governo, que deve elaborar propostas para o médio e longo prazo no país.
"Os números mostram um mercado de trabalho pujante, que ainda é estruturado e sofreu um abalo no primeiro semestre deste ano".