Economia

Escala de navios para exportação de milho do Brasil cai 60%

No momento, há previsão de 35 navios saindo dos portos brasileiros com 1,8 milhão de toneladas, segundo dados de agências marítimas


	Milho: embarques no Brasil ainda não aceleraram em julho
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Milho: embarques no Brasil ainda não aceleraram em julho (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2014 às 12h55.

São Paulo - A atual escala de navios para exportação de milho do Brasil está 60 por cento menor que na mesma época no ano passado, em meio a uma maior oferta global, que reduz a pressa dos compradores internacionais para adquirir o produto brasileiro.

No momento, há previsão de 35 navios saindo dos portos brasileiros com 1,8 milhão de toneladas, segundo dados de agências marítimas analisados pela Reuters. Um ano atrás, a escala previa 86 navios, com embarques de 4,5 milhões de toneladas.

Enquanto atualmente a programação inclui navios agendados para agosto, um ano atrás a escala já previa alguns embarques para outubro.

Em meados de 2013 o Brasil se preparava para colher a segunda safra da temporada 2012/13, que foi recorde, enquanto os Estados Unidos --maior exportador do produto-- ainda enfrentavam baixos estoques após uma devastadora seca que reduziu a colheita em quase um terço.

A situação do mercado atual é bem mais confortável, com uma safra recorde registrada nos EUA ao fim de 2013 e com o Brasil colhendo uma segunda safra da ordem de 80 milhões de toneladas.

"O milho brasileiro, até uma semana atrás, estava mais caro que o dos Estados Unidos", disse o analista de mercado Liones Severo, da consultoria Sim Consult, explicando o baixo volume de negócios fechados refletido na escala de navios.

Os preços do milho no mercado físico do Brasil, segundo o indicador Cepea/Esalq, acumulam queda de mais de 30 por cento desde a máxima do ano, no início de março. As cotações internacionais, por sua vez, estão em uma mínima de quatro anos na bolsa de Chicago.

"A realidade é que não está tendo interesse de venda por parte do produtor, mesmo ele sabendo que a tendência é de baixa", disse o diretor da Grãomar Corretora, João Claudio Pereira da Silva, do Paraná.

A situação dos portos brasileiros, mais organizados para receber grandes volumes de grãos após caos e filas registradas na safra 2012/13, também deixa os agentes do mercado mais tranquilos, sem pressa para mandar os navios aos terminais, avaliou Pereira da Silva.

Os embarques no Brasil ainda não aceleraram em julho, mostraram dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na segunda-feira.

O ritmo de exportações de milho nas três primeiras semanas do mês ficou em 7,5 mil toneladas/dia, ante 4,4 mil toneladas/dia em junho, mas 76 por cento abaixo do volume verificado em julho de 2013 (32 mil toneladas/dia).

Tradicionalmente, é no segundo semestre, a partir de agosto, que as exportações de milho aceleram, pela oferta da segunda safra e da questão logística após a maior parte dos embarques prioritários de soja terem ocorrido.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima exportações de 21 milhões de toneladas entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Nos primeiros cinco meses desse período, foram embarcados 2,4 milhões de toneladas, segundo a Secex. Restariam, portanto, 18,6 milhões de toneladas para os sete meses seguintes, incluindo julho.

"Vai alcançar esse número, com certeza", disse Severo, apostando que a ampla oferta brasileira tornará o milho nacional competitivo no exterior. "Vamos ter um grande volume no segundo semestre, tem mercado e tem comprador." O volume previsto pela Conab, no entanto, ainda ficará abaixo do recorde registrado na temporada passada, de 26,2 milhões de toneladas, quando o Brasil exportou volumes recordes, aproveitando o hiato deixado pela quebra da safra norte-americana.

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