PIB: previsões mostram que país deve crescer entre 2,1% a 2,3% neste ano (Mario Tama/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 07h58.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2020 às 11h39.
São Paulo — O coronavírus já afeta as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.
O banco suíço UBS, em relatório divulgado nesta terça-feira (04), reviu de 2,5% para 2,1% a sua previsão para o crescimento da economia brasileira em 2020.
A queda das projeções para o PIB do país ao longo do ano tem sido uma constante desde o início da retomada em 2017, por motivos tanto domésticos quanto externos. Desta vez, a culpa seria da nova epidemia, que já acumula 24 mil casos e quase 500 mortes.
"A China é o principal parceiro comercial do Brasil, além de um 'fixador do preço' das commodities de exportação mais importantes do país nos mercados globais", justifica Tony Volpon, que assina o relatório do UBS.
Soja, petróleo e minério de ferro são alguns dos produtos exportados pelo Brasil cujo preço é afetado diretamente pela queda da demanda chinesa, impactando empresas como Vale e Petrobras.
O crescimento mais do Brasil, no entanto, teria sido então apenas "adiado", já que o UBS também revisou de 2,5% para 2,8% a sua previsão do crescimento em 2021.
O novo vento contrário para a atividade fortaleceu no mercado financeiro a aposta de que o Copom deve cortar nesta quarta-feira (05) a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 4,5% para 4,25%.
O epicentro da epidemia é Wuhan, na China, a segunda maior economia do mundo. No mesmo relatório, o UBS reduziu sua estimativa para o crescimento do PIB chinês em 2020 de 6% para 5,4%.
Uma revisão da mesma magnitude foi feita pela Oxford Economics, para quem o vírus pode reduzir o crescimento em pelo menos dois pontos percentuais no primeiro trimestre, embora melhore no segundo.
A China já estava crescendo no menor ritmo em três décadas mesmo antes da nova crise, e os primeiros dados divulgados em relação a janeiro mostram fraqueza especialmente no setor de serviços.
Há fábricas fechadas e queda do consumo devido às restrições a viagens e fechamento de atrações turísticas, centros de lazer, empresas e escolas.
A província de Hubei, em cuja capital, Wuhan, o coronavírus surgiu, está isolada desde o final de janeiro. A região é um importante pólo de produção de automóveis.
Outras cidades também estão em quarentena; no total, mais de 70 milhões de pessoas na China estão atualmente confinadas.
O Brasil monitora 11 casos casos suspeitos, mas nenhum foi confirmado até agora. Ainda assim o governo brasileiro reconheceu o caso como de "emergência de saúde pública".
(Com AFP)