Envelhecimento: o Goldman calculou que há um êxodo líquido de US$ 2 tri prestes a deixar esses países nos próximos 5 anos (Nayomiee / Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2016 às 21h26.
Cingapura - Os mercados emergentes asiáticos simplesmente não precisarão se preocupar no futuro com os chamados “taper tantrums” (volatilidades no mercado causadas pelo medo de dificuldades de liquidez) no que diz respeito ao risco das fugas de capitais.
E o perigo escondido não tem nada a ver com o apetite do Federal Reserve por ajuste monetário.
Tem tudo a ver com a demografia. Pela primeira vez desde 1950, os mercados emergentes asiáticos -- grupo que inclui China, Tailândia e Coreia do Sul -- verão sua população envelhecer mais rapidamente do que os países do mundo desenvolvido nas próximas duas décadas, segundo o Goldman Sachs.
Quando os trabalhadores atingirem a casa dos 50 e dos 60 anos, estarão no pico da idade de economizar -- momentos em que as famílias provavelmente vão querer colocar uma parte de seus investimentos no exterior, segundo uma pesquisa do Goldman publicada neste mês.
O envelhecimento dos perfis demográficos já está contribuindo para pressionar a saída do capital da China, Taiwan, Coreia do Sul e Tailândia, escreveram os analistas do banco.
O Goldman calculou que há um êxodo líquido de US$ 2 trilhões prestes a deixar esses países nos próximos cinco anos.
“O investimento das poupanças domésticas no exterior enfraquecerá as moedas locais, suavizando as condições financeiras e reduzindo a necessidade de cortar as taxas de juros na margem, na nossa visão”, escreveram os analistas do Goldman, incluindo Andrew Tilton, economista-chefe para a região Ásia-Pacífico em Hong Kong, no relatório de 22 de setembro.
Se as estimativas do Goldman estiverem corretas, o envelhecimento da sociedade chinesa significará que as pressões estão destinadas a ganhar força em uma economia que já sofre com saídas de capital.
Dos US$ 2 trilhões que o banco de investimento estima que deixarão os quatro mercados emergentes que enfrentam riscos mais severos de envelhecimento, 70 por cento virá da China.
As Filipinas, com sua mão de obra jovem, se destacam como exceção, com pressões de saída de capital induzidas pelo envelhecimento “praticamente inexistente” no horizonte, afirma o Goldman.
Na Indonésia e na Índia, as saídas de capital devido ao envelhecimento populacional representarão menos de 1 por cento do produto interno bruto ao longo da próxima década, afirma o banco.