Economia

Eneva avalia disputar leilão com projeto de térmica no Amazonas

Empreendimento teria entre 110 megawatts e 150 megawatts em capacidade e demandaria investimentos de 500 milhões a 600 milhões de reais

Eneva: companhia também analisará oportunidades de compra de concessões para exploração de gás em terra (Divulgação/Divulgação)

Eneva: companhia também analisará oportunidades de compra de concessões para exploração de gás em terra (Divulgação/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 16 de março de 2018 às 17h58.

São Paulo - A elétrica Eneva avalia inscrever em um leilão de energia que será promovido pelo governo neste ano um projeto para a construção de uma termelétrica na região do campo de Azulão, na bacia do Amazonas, adquirido pela companhia junto à Petrobras, disseram executivos da empresa à Reuters nesta sexta-feira.

O empreendimento, que utilizaria o gás de Azulão, teria entre 110 megawatts e 150 megawatts em capacidade e demandaria investimentos de 500 milhões a 600 milhões de reais para ser implementado, caso a empresa consiga vender antecipadamente sua produção no leilão de energia, que o governo tem dito que pretende realizar até agosto.

"A transação está no último passo para ser concluída, que é aprovação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)... Vamos apresentar nosso plano de desenvolvimento para o ativo e o próximo passo seria inscrever ele em um leilão de energia neste ano ainda", afirmou o presidente da Eneva, Pedro Zinner.

Em paralelo, a companhia ainda avaliará outras oportunidades para viabilizar o empreendimento, como a venda de energia no mercado livre de eletricidade, por exemplo.

"A gente sempre vai olhar a melhor forma de monetizar e gerar valor para esses ativos, o leilão é uma alternativa e existem outras", adicionou.

A Eneva anunciou no final de novembro a assinatura de contrato com a Petrobras para comprar por 54,5 milhões de dólares o campo de Azulão, a 290 quilômetros a leste de Manaus. A ideia é aproveitar os volumes recuperáveis de gás na região para implementar projetos termelétricos.

A companhia também planeja realizar o chamado "fechamento de ciclo" em sua termelétrica Parnaíba I, usina a gás natural de 676 megawatts no Maranhão, com a implementação de turbinas a vapor que ampliariam a capacidade do empreendimento em 385 megawatts.

O investimento estimado é de 1,5 bilhão de reais, mas a Eneva ainda busca formas de viabilizar o negócio, uma vez que nos últimos leilões de energia realizados pelo governo não houve abertura para inscrição de projetos de fechamento de ciclo.

"Estamos aguardando para ver se esse produto poderia ser colocado em leilão. Naturalmente, estamos tendo um diálogo bastante positivo com o setor público para ver se a gente consegue de fato colocar esse projeto em algum momento", disse o diretor de relações institucionais e regulatório da Eneva, Damian Popolo.

Oportunidades

Além disso, a companhia também analisará oportunidades de compra de concessões para exploração de gás em terra, após uma bem sucedida experiência em viabilizar térmicas junto a reservatórios do insumo na bacia do Parnaíba, no Maranhão.

Nesse sentido, os executivos da Eneva disseram que avaliarão rodadas de licitação da ANP, incluindo a venda de blocos devolvidos ou não arrematados em leilões que a autarquia quer oferecer a investidores em um modelo chamado de "oferta permanente".

"Na bacia do Parnaíba a gente já tem uma posição bem confortável, mas de qualquer forma vamos continuar olhando oportunidades... vamos olhar também com atenção outras bacias com potencial para replicar nosso modelo", afirmou Popolo.

Os executivos disseram ainda que a Eneva tem um plano de longo prazo para crescer e se consolidar no setor, o que poderá incluir também aquisições, caso surjam oportunidades.

Foco no gás

A estratégia da Eneva, que tem 2,2 gigawatts em térmicas a carvão e gás em operação, é passar a focar a expansão no gás, incluindo a possibilidade de avaliar no futuro projetos com uso de Gás Natural Liquefeito (GNL).

Com essa visão, a empresa avalia agora que destino dar a uma carteira que soma cerca de 600 megawatts em projetos eólicos que poderiam ser inscritos em leilões e 50 megawatts solares --que seriam uma expansão da usina Tauá, no Ceará, já em operação com 1 megawatt.

"O foco da companhia está mais dentro do modelo "reservoir-to-wire" (investir em térmicas perto de campos produtores de gás em terra)... não existe um posicionamento ativo de venda desses ativos (renováveis), mas poderíamos (vender) de forma oportunística, se a gente achar que faz sentido uma transação e gera valor para a companhia", disse o CEO, Pedro Zinner.

Ele comentou ainda que a forte expansão de renováveis no Brasil, como usinas eólicas e solares, será na verdade uma oportunidade para os projetos térmicos da Eneva, uma vez que será preciso o apoio de usinas mais "firmes" para compensar a variação na produção dessas fontes em função do vento e do sol.

A Eneva, que surgiu como uma aposta do magnata Eike Batista no setor de energia, sob o nome MPX, passou por uma reestruturação em meio à derrocada do empresário --que incluiu mudança de nome, uma passagem por recuperação judicial, encerrada em 2016, e um re-IPO, no ano passado.

A companhia tem como principais sócios o BTG Pactual, com 26,8 por cento, a Cambuhy Investimentos, com 23 por cento, a alemã Uniper, com 6,1 por cento, e o Itaú Unibanco, com 5,9 por cento.

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