Economia

Energia solar ganha fôlego na Índia (em grande estilo)

Na próxima década, as demandas por novos projetos para o setor elétrico deverão se aproximar de US$ 1 trilhão — uma tremenda oportunidade de investimento

Índia: com preços em queda, a energia solar está puxando o setor de renováveis.  (Wikimedia Commons)

Índia: com preços em queda, a energia solar está puxando o setor de renováveis. (Wikimedia Commons)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 16h38.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2017 às 16h50.

São Paulo - Até pouco tempo atrás, o noticiário sobre o setor energético da Índia se resumia basicamente ao poluente carvão, que é a principal fonte de energia por lá. Isso começou a mudar quando o país anunciou seu plano bilionário para alavancar a energia solar, em meados de 2015. Hoje, seguindo tendência mundial, a Índia começa a colher os frutos.

O país acaba de ultrapassar o patamar de 50 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energias renováveis (excluindo hidrelétricas), representando 15% da matriz energética.

A energia solar, com preços em queda, está puxando o setor. Para se ter uma ideia, as ofertas iniciais para o primeiro grande leilão solar de 2017 mostram um recorde de baixa: US$ 53.50/MWh, 16% menor em relação ao ano anterior, conforme dados do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA).

O projeto de Plano Nacional de Eletricidade da Índia, lançado em dezembro de 2016, prevê expandir em cinco vezes a capacidade gerada por energias renováveis para 258 GW até 2027. Isso reduziria a atual participação de 66% das térmicas na geração de energia na Índia para 43%, o que ajudaria a tornar o país independente das importações de carvão.

"Os custos por unidade de energia estão caindo. Esses preços são comercialmente viáveis e provavelmente vão diminuir novamente em 2018, e depois em 2019, já que os custos da energia solar vêm caindo globalmente em 10% ao ano”, prevê Tim Buckley, diretor de Estudos de Finanças de Energia do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA), em comunicado à imprensa.

A questão também assume importância tremenda dado os compromissos assumidos pela Índia na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — o país é o maior emissor de gases de efeito estufa após os EUA e a China.

Considerando que a demanda indiana por eletricidade deverá crescer 3,8 vezes entre 2017 e 2040, quanto mais renováveis melhor para o país e melhor para o Planeta.

Custos em queda, projetos em alta

Diversos fatores contribuem para queda no custo da eletricidade solar na Índia. Em primeiro lugar, os preços dos painéis solares caíram 30% em relação a 2016. Em segundo lugar, os custos dos financiamentos também caíram e a taxa de câmbio da Índia se estabilizou, permitindo que os valores em dólar da tecnologia gerassem um valor menor em rupia indiana.

Além disso, o acesso ao capital global para projetos de infraestrutura renovável na Índia está se expandindo rapidamente, o que beneficia o mercado de trabalho: os instaladores indianos estão aprendendo com a prática a usar as mais recentes tecnologias.

Soma-se a tudo isso a existência de uma entidade do governo central que fornece apoio financeiro a projetos da área (a Corporação de Energia Solar da Índia - SECI) e de uma proteção de inflação parcial por meio de indexação.

As perspectivas para o setor são promissoras. Na próxima década, as necessidades de investimento do setor elétrico indiano deverão se aproximar de US$ 1 trilhão — uma oportunidade de investimento suficientemente grande para chamar a atenção das grandes multinacionais.

Orimeiro grande leilão de energia solar na Índia atraiu ofertas de conglomerados de energia do país (por exemplo, o grupo Adani, Aditya, Hero, em parceria com a Foxconn de Taiwan), as principais empresas de serviços públicos globais (ENEL da Itália, GDF da França) e também as empresas especializadas em energias renováveis indianas (ReNew Power) apoiadas por financiadores globais (ADB, Goldman Sachs e JICA do Japão).

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