Visitantes participam da abertura da 50ª feira Paris Airshow que aconteceu no aeroporto Le Bourget, em Paris (Pascal Rossignol/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2013 às 13h56.
Paris - As encomendas anunciadas durante a feira de aviação de Paris ultrapassaram os 100 bilhões de dólares nesta quarta-feira, com Boeing, Airbus e Embraer aproveitando maior demanda por aeronaves com menor consumo de combustível e crescimento de companhias de baixo custo e de mercados emergentes.
A Ryanair, maior companhia aérea de baixo custo da Europa, concluiu uma encomenda envolvendo 175 aviões Boeing 737-800, avaliados em cerca de 15,6 bilhões de dólares a preços de tabela. O pedido, anunciado no terceiro dia da feira de Paris, foi o maior individual já feito por uma empresa aérea europeia a um grupo norte-americano.
O presidente-executivo da Ryanair, Michael O'Leary, disse que também estava trabalhando em uma encomenda de 200 ou mais aeronaves 737 MAX, modelo de nova geração da Boeing, para este ano, num acordo avaliado em 20 bilhões de dólares.
Sem ficar na sombra, a Airbus fechou um esperado pedido da Air France-KLM de 25 aviões A350, modelo mais leve e de grande porte da empresa, num acordo de 7,2 bilhões de dólares previamente reportado pela Reuters.
A empresa europeia também recebeu pedido de 8,6 bilhões de dólares envolvendo mais 30 unidades do A350-900s feito pela Singapore Airlines, elevando a encomenda total da empresa junto à Airbus para 70 aviões.
O A350, que fez voo inaugural na sexta-feira passada, é a resposta da Airbus ao Dreamliner da Boeing, produzido com compósitos de carbono. A batalha entre os dois modelos tem sido marcante na Paris Airshow, com as duas companhias disputando para atender a demanda pelo transporte aéreo nos mercados emergentes, especialmente na Ásia e Oriente Médio.
Enquanto isso, a Embraer anunciou na segunda-feira que vai investir 1,7 bilhão de dólares nos próximos oito anos para desenvolver uma segunda geração de seus aviões comerciais E-Jets. A companhia brasileira ainda divulgou encomendas potenciais formadas por mais de 360 unidades dos novos jatos, estimadas em 18 bilhões de dólares.
Embora os acordos na quarta-feira tenham levado o volume de negócios da feira para mais de 100 bilhões de dólares até agora, muitos dos anúncios envolvem encomendas provisórias e aqueles com valores mais altos são fechados mediante descontos significativos ante os preços de tabela.
Ainda assim, a atividade confirmou o volume de trabalho para as fabricantes de aviões nos próximos anos.
À Frente do Cronograma
O presidente da Ryanair afirmou que a planejada compra dos Boeings 737 MAX mais tarde neste ano aumentará a frota da companhia em vez de substituir modelos atuais da empresa. Se a encomenda não for de pelo menos 200 aviões, "não valerá a pena fazê-la", disse O'Leary.
Mas alguns analistas ressaltaram que apesar da Ryanair poder bancar o uso da versão MAX do jato para crescer sua frota, a empresa não está sob pressão para comprar os aviões e provavelmente vai esperar os preços entrarem no ciclo de baixa para obter condições melhores pelas aeronaves.
O 737 MAX é a resposta da Boeing ao A320neo da Airbus, nova versão do modelo mais vendido da fabricante europeia.
Mais cedo nesta quarta-feira, a Boeing adiantou em seis meses a data para o início das operações do avião, para o terceiro trimestre de 2017, quase dois anos depois do A320neo.
O'Leary disse que uma equipe sênior da Boeing e da Ryanair está trabalhando em um pedido envolvendo o 737 MAX, e que a companhia está seriamente considerando o rival A320neo, ainda que a Ryanair não tenha nenhum aeronave da Airbus e que a fabricante europeia tenha afastado a ideia por diversas vezes.
"Estamos esperançosos de que vamos chegar a um acordo sobre o preço do pedido para o MAX em algum momento antes do final do ano", disse O'Leary, acrescentando que o 737 MAX oferece melhor economia de combustível que o A320neo, além de espaço para nove assentos extras.