Trator é visto na fazenda Santa Elisa de cana-de-açúcar em Sertãozinho, no nordeste de São Paulo (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2013 às 22h40.
São Paulo - Os financiamentos bancários realizados dentro do Plano Safra da agricultura empresarial do governo brasileiro superaram 100 bilhões de reais pela primeira vez na história na temporada 2012/13, encerrada em junho, informou o Ministério da Agricultura nesta segunda-feira.
Com o crescimento da produção, preços agrícolas mais altos e juros menores, foi também a primeira vez, desde a safra 2007/08, que os produtores tomaram mais empréstimos do que o projetado pelo governo no lançamento do plano.
"A agricultura brasileira está demandando mais recursos e o governo desburocratizou o acesso ao crédito", afirmou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, em entrevista à Reuters, após a divulgação dos números.
A contratação de crédito pela agricultura empresarial superou em 6,4 por cento os 115,25 bilhões de reais previstos inicialmente, atingindo 122,68 bilhões de reais na temporada 12/13.
Na temporada anterior (2011/12), o total aplicado na agricultura empresarial por meio de empréstimos somou 93,5 bilhões de reais. Na nova safra (2013/14), os produtores terão 136 bilhões de reais à disposição para financimento, 18 por cento a mais do que o ofertado inicialmente na temporada anterior (12/13).
Segundo o secretário, a alta nos preços da soja e do milho, que atingiram preços recordes em 2012, em meio à quebra de safra nos Estados Unidos, também influenciou no total financiado. Ele explicou que, com uma renda maior, os bancos aumentam o limite do financiamento.
A "desburocratização" do governo também ajudou no financiamento de médios produtores, disse o secretário. "Por exemplo, pelo Pronamp, para custeio, tinha 7 bilhões de reais, e o produtor acessou 8,35 bilhões reais. O produtor pegou mais custeio no Banco do Brasil...", afirmou ele, acrescentando que o agricultor também ficou menos dependente das tradings, cujos juros são mais que o dobro dos previstos no programa, de 5 por cento ao ano.
"Ele não fica na mão da trading, não fica obrigado a vender o produto para a trading", afirmou o secretário, ponderando que esses comerciantes de grãos também têm importância fundamental para a engrenagem de financiamento do agronegócio.
Com a alta nos preços agrícolas, que deixou produtores mais capitalizados nas últimas safras, os produtores também aumentaram a utilização de recursos próprios no seu negócio.
A fatia de recursos próprios e os financiamentos do Plano Safra respondem por mais de 65 por cento do valor investido --as tradings seguem respondendo por cerca de um terço do financiamento, disse o secretário.
Geller disse ainda estar otimista para a safra 2013/14 e acredita que os 136 bilhões de reais disponibilizados vão ser utilizados na íntegra.