Economia

Empresa será multada caso descumpra regras, diz secretário de Previdência

MP anunciada nesta quarta permite a redução temporária de jornada e salário em até 70%, mas com contrapartida a trabalhadores

Loja fechada: coronavírus deve fazer empresas demitirem e reduzirem jornada (Amanda Perobelli/Reuters)

Loja fechada: coronavírus deve fazer empresas demitirem e reduzirem jornada (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de abril de 2020 às 13h21.

Última atualização em 2 de abril de 2020 às 13h48.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse nesta quinta-feira, 2, em entrevista ao canal Globonews, que a empresa que descumprir o conjunto de medidas do governo de auxílio a empregadores e trabalhadores será multada.

As demissões, de acordo com ele, não estão proibidas, mas as empresas que aderirem ao programa e lançarem mão das reduções terão que assegurar estabilidade proporcional ao empregado. Isso significa dizer que a empresa que reduzir as jornadas e salários por um determinado tempo, quando a situação voltar à normalidade terá que manter o empregado pelo mesmo tempo.

"O programa tem como premissa básica a técnica e a simplicidade" disse o secretário.

Bruno Bianco também disse que não acredita em possível prorrogação das medidas. "Superaremos a crise em pouco tempo", afirmou, pontuando que vai monitorar a situação. "Estou olhando tanto para suposta prorrogação da crise quanto pós-crise, terei de atuar", afirmou, acrescentando que tem uma equipe voltada a eventuais medidas caso a crise se prolongue.

Ainda na entrevista, ele reforçou que está expresso no projeto de lei (PL) que trata do voucher que desempregado entra no benefício e que desalentados também. "Todos eles estão constando e vão ser contemplados, 'nemnem' também não são de fato informais e são destinatários da política do voucher, por isso ficou tão custosa, quase R$ 100 bilhões", afirmou.

Maos cedo, em “Live! organizada pela Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel), Bruno Bianco, disse que O foco da medida é evitar o desemprego em massa e o fim das empresas. "Estamos investindo R$ 51,2 bilhões no empregado para que ele possa ter tranquilidade. Desemprego em massa levaria empresário a não ter dinheiro para pagar rescisão”, disse.

O secretário ainda mencionou que o desenho da medida preserva, com faixas de redução de salário a partir da diminuição da jornada, a garantia do salário mínimo. “Todos os empresários e trabalhadores poderão se valer dessa medida. Estamos dando mais direito, quem não teria direito a seguro-desemprego, terá.”

O empresário terá de comunicar com dois dias de antecedência ao trabalhador sobre a possibilidade de acordo. Após acertado, e com o aviso aos sindicatos e à secretaria de trabalho, o governo pagará a compensação ao trabalhador.

Conforme a MP anunciada nesta quarta-feira, as empresas poderão acordar com trabalhadores redução proporcional da jornada e dos salários por até três meses, com compensação do governo de até 70% do seguro-desemprego. Além disso, os contratos de trabalho poderão ser suspensos em até dois meses. Nesse caso, a regra de compensação é diferente a depender do tamanho da empresa. O governo estima que 24,5 milhões de pessoas podem ser beneficiadas, com preservação de 8,5 milhões de empregos.

Constitucionalidade

O secretário especial de Previdência defendeu a constitucionalidade da medida de redução da jornada e salário de empregados durante o período da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. "Estou convicto da constitucionalidade, mas discussão pode haver", respondeu, na entrevista à Globonews.

Segundo ele, foram tomadas medidas para evitar questionamentos, envolvendo consultas a autoridades e grupo de trabalho, com profissionais jurídicos. Uma medida de cautela, ainda de acordo com ele, foi fazer o programa "o mais completo possível".

O programa, segundo Bianco, traz o que já existe. "Se a pessoa fosse demitida, receberia seguro-desemprego. Se não faz jus a seguro-desemprego, sequer receberia. Se fosse demitida, e não tivesse seguro-desemprego e a empresa quebrasse, algo muito factível num cenário de crise, não receberia nem seguro-desemprego nem verbas rescisórias. É um pacote completo e faz com que Congresso o veja com bons olhos". O Congresso tem legitimidade para alterar propostas, lembrou.

Ao comentar conversas com centrais sindicais, Bianco afirmou que não daria tempo para que a pessoa fosse obrigada em todos os casos a lançar mão de acordo coletivo sempre. "Todo ponto se localizava na utilização ou não de sindicatos e centrais", disse ao relatar as discussões. "Chancelamos o texto do ponto de vista constitucional", afirmou, acrescentando que, as discordâncias que vê são de "falta de entendimento".

 

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraEmpregosMercado de trabalho

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto