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Empresas obtém ganho de imagem com redução de emissões

Companhias dizem que a renda obtida com a venda de créditos de carbono em geral não gera lucro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2009 às 09h17.

Para grandes empresas que investem em projetos de créditos de carbono no país - entre elas Sadia, Suzano Papel e Celulose, Votorantim Cimentos e Bunge Brasil - o retorno obtido com a venda de créditos, por enquanto, acaba mais por compensar os investimentos feitos nos projetos do que por constituir uma fonte de renda extra. Excesso de burocracia na implantação e homologação dos projetos junto à Organização das Nações Unidas (ONU), falhas regulatórias e a precocidade desse mercado são alguns dos fatores que, segundo as empresas, dificultam o ganho de dinheiro com a venda de créditos.

Os projetos somente estão aptos a gerar créditos se a redução for efetivamente certificada por organismos competentes, o que significa que eles devem ser submetidos a um processo de aferição e verificação de critérios técnicos rigorosos estabelecidos pela ONU.

A Sadia é uma das empresas que enfrenta dificuldades para ter seu projeto de conversão de gás metano emitido por granjas de suínos no sul do país homologado pelo organismo internacional, embora a proposta tenha sido aprovada pela comissão interministerial vinculada à pasta da Ciência e Tecnologia, responsável pelo assunto no Brasil. O projeto foi implantado e teve iniciadas as operações em 1º de janeiro de 2004. A quantidade estimada de redução de dióxido de carbono é de 242. 770 toneladas durante dez anos, mas sem o aval da ONU a comercialização dos créditos fica inviabilizada.

“Os recursos obtidos com a venda de créditos de carbono já pagam a conta do que investimos nos projetos de geração, mas não pagam todo o montante que hoje aplicamos em sustentabilidade”, afirma o gerente de relações institucionais da Suzano, Luiz Cornacchioni. A empresa foi uma das pioneiras a investir nesse negócio no Brasil e desde 2005 está credenciada a operar na Bolsa de Chicago. No entanto, as primeiras comercializações de créditos só aconteceram em 2008. No caso específico da Suzano, um fator complicador está na natureza da atividade geradora de créditos de carbono: florestas plantadas. O Protocolo de Kyoto classifica esse tipo de crédito como temporário, o que limita sua venda ao mercado voluntário no qual o volume de negociação e o preço da tonelada de carbono são menores. Por enquanto, o retorno obtido com os projetos está em redução de custos operacionais e no âmbito institucional, ou seja, para a imagem da companhia perante o mercado. (continua)


A Bunge Brasil economiza aproximadamente 6 milhões de reais por ano com combustível por meio de um projeto de MDL, na unidade de fertilizantes em Guaratinguetá (SP), cuja matriz energética passou por um processo de reconfiguração para utilizar biomassa. Com a venda de créditos, oriundos de outro projeto para redução de emissão de óxido nitroso, o carbono já negociado propiciou uma receita de cerca de 24,3 milhões de reais.

Embora o retorno econômico ainda seja pequeno se comparado ao faturamento da companhia, que em 2008 atingiu 31,7 bilhões de reais, a Bunge enxerga que investir em créditos de carbono traz retornos para a imagem da companhia. “Os processos são melhorados, capacitamos parceiros e proporcionamos desenvolvimento mais limpo”, afirma o gerente de marketing corporativo e sustentabilidade da Bunge Brasil, Michel Santos.

No entanto, em um futuro não tão distante, estar em dia com o meio ambiente promete fazer diferença na manutenção e fechamento de novos negócios. “Algumas empresas começaram a exigir em processos de licitação que a empresa participante informe a quantidade específica de carbono emitida para a fabricação do produto a ser fornecido. Quem não possui esse tipo de dado, além de ficar fora do processo, é excluído da lista de fornecedores”, afirma a gerente de meio ambiente e coprocessamento da Votorantim Cimentos, Patrícia Montenegro.

Isso mostra que embora o mercado de créditos de carbono seja algo bastante incipiente e que como qualquer novidade gere incertezas e envolva ajustes, ele resiste e está longe de virar fumaça. Ao contrário, as apostas são de que diante de um novo e mais rígido pacto climático para substituir o Protocolo de Kyoto depois de 2012, a ser desenhado em Copenhague, os créditos de carbono não só sobreviverão como vão ganhar mais importância. “Esse é um mercado que tende a crescer não só na Europa mas também nos Estados Unidos porque está diretamente ligado à atividade produtiva, que é contínua”, afirma o presidente do Conselho Consultivo do Centro Nacional de Referência em Biomassa, José Goldemberg.


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