Cuba: "Eu acho que os conselheiros de Trump não sabem do estão falando", opinou uma empresária cubana (Shannon Stapleton/Reuters)
AFP
Publicado em 19 de julho de 2017 às 19h03.
Empresários cubanos afirmam que a política do presidente dos Estados Unidos Donald Trump para a ilha já está prejudicando os pequenos negócios privados - o oposto de sua intenção declarada.
"Já estamos muito preocupados. Nós tivemos três cancelamentos" desde o anúncio de Trump em junho, contou Nidialys Acosta, que administra um serviço de táxis em carros clássicos com seu marido, Julio. Eles também oferecem tours em suas lojas de restauração aos amantes de veículos.
Trump declarou a um público majoritariamente cubano-americano em Miami, no mês passado, que iria cancelar a inciativa da administração de Obama de abrir as relações com Cuba.
Isso inclui a restrição de indivíduos americanos visitarem a ilha do Caribe e a proibição de voos diretos e cruzeiros a partir dos Estados Unidos.
Ele chamou o afrouxamento das sanções por Obama de um "acordo de um só lado", prometendo que a retirada de dólares americanos das agências de turismo estatais iria ajudar o povo cubano e o setor privado - além de apoiar a democracia e os direitos humanos na ilha.
Mas, dificultando as viagens, disse Acosta, a mudança de política americana vai direcionar o mercado ainda mais para as agências e hotéis governamentais, prejudicando o setor privado que estava vivendo um boom com o aumento de turistas dos Estados Unidos.
Ela afirmou que muitas famílias dependem destes negócios e que a retração do turismo vai prejudicá-las.
"Eu acho que os conselheiros de Trump não sabem do estão falando" e não entendem o setor privado de Cuba, opinou Celia Mendoza, fundadora da agência de viagens de luxo Concierge Habana.
Ela rejeitou as preocupações da comunidade cubana-americana em Miami, dizendo que eles "não são cubanos de verdade" e não entendem as questões do dia a dia na ilha.
Mendoza explicou que não consegue uma licença do Departamento do Tesouro americano para fazer negócios em Cuba porque ela não é uma cidadã americana. Segundo ela, as agências que têm essas permissões operam principalmente com companhias de turismo do governo de Cuba quando estão agendando viagens de grupo.
Mendoza e Acosta integram uma delegação de oito pequenos empresários que viajaram para Washington para defender seu ponto de vista.
Numa carta endereçada à administração de Trump nesta terça-feira, os donos das empresas incentivaram Washington a permitir as viagens de passageiros individuais, que têm mais chances de reservar hospedagem e restaurantes privados.