Yanis Varoufakis: "posso dizer que não afetará as zonas fronteiriças, livros, imprensa e nem, certamente, as ilhas do Egeu. Estamos comprometidos" (Aris Messinis/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 11h26.
Atenas - O ministro de Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, disse nesta quarta-feira que o governo manterá sua promessa de não despedir funcionários do setor público e não reduzir pensões nem salários.
Em entrevista à rádio local "Real FM", Varoufakis afirmou que "a resposta para estas três questões é não". O ministro garantiu ainda que não será modificado o imposto reduzido sobre valor agregado (IVA) das ilhas gregas, embora o governo vá modificar a taxação.
"Posso dizer que não afetará as zonas fronteiriças, livros, imprensa e nem, certamente, as ilhas do Egeu. Estamos comprometidos", assegurou.
Em relação a promessa de abolir o controvertido imposto sobre a propriedade imobiliária (ENFIA), que o governo quer substituir por um que incida unicamente sobre grandes propriedades, Varoufakis disse que as mudanças serão aplicadas neste ano, mas não precisou quando.
Além disso, afirmou que o projeto de lei o governo preparará para ampliar o número de pessoas que poderão pagar em 100 parcelas suas dívidas com a Fazenda será aprimorado com algumas recomendações da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O ministro de Finanças comemorou o fato do governo ter estipulado com os sócios europeus relaxar os objetivos de superávit primário de 3% do PIB para este ano e de 4,5% para 2016 e, ao invés disso, atingir um índice de acordo com o crescimento e as circunstâncias da economia grega.
Varoufakis disse que o objetivo de 3% seria "catastrófico" para a Grécia e, embora tenha destacado que o tema não está agora sobre a mesa, a meta "não pode ser superior a 1,5%".
O ministro contou ainda que as negociações com a zona do euro sobre a reestruturação da dívida serão iniciadas imediatamente.
O ministro explicou que para a redução da dívida para 120% do Produto Interno Bruto (PIB) -atualmente em 185% do PIB-, segundo contempla o acordo de 2012 entre os sócios e o governo anterior, é necessária uma reestruturação da dívida.
"Não me refiro somente a uma extensão da dívida, mas a uma troca da dívida", disse em referência à troca de bônus e esclareceu que a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) não compartilham a mesma visão sobre este assunto.
O governo grego propõe trocar sua dívida pública por dois tipos de bônus novos ligados ao crescimento, de modo que não se pediria um perdão de dívida -que chega a 315 bilhões de euro-, mas se conseguiria reduzi-la.
O primeiro tipo seria um bônus indexado ao crescimento econômico nominal, que substituiria os empréstimos de resgate europeus; e o segundo tipo seria um denominado "bônus perpétuo", que substituiria os bônus gregos em mãos do BCE.