FGV: o índice de confiança retrocedeu a patamares de julho de 2009 em janeiro (Pedro Zambarda/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 13h43.
Rio - A evolução do mercado de trabalho, o ritmo de alta dos preços e as decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, continuam preocupando o consumidor, de acordo com a sondagem realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em janeiro.
Segundo a economista Viviane Seda, coordenadora da pesquisa, essa insegurança tem sido um fator de peso para a deterioração da confiança, que retrocedeu a patamares de julho de 2009, mais próximo à crise financeira.
A expectativa em termos de emprego, que antes tinha forte correlação com a taxa de desocupação apontada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, se descolou após as manifestações de junho. "Depois das manifestações, o consumidor se mostrou ainda mais insatisfeito com o mercado de trabalho", disse Viviane.
De lá para cá, contudo, a taxa de desemprego recuou até os 4,6% verificados em novembro de 2013 - último dado disponível o menor patamar da série histórica.
"Isso tem a ver com o medo de não acontecer a mesma evolução do mercado de trabalho que ocorreu nos últimos anos. Ele já vê desaceleração na contratação de mão de obra, então a expectativa futura está mais pessimista", explica Viviane.
Em janeiro, a avaliação sobre o emprego atual subiu 0,3% sobre dezembro, enquanto o indicador futuro caiu 0,7% na mesma comparação. Os resultados são considerados estáveis, mas a tendência é de queda, afirma a economista.
Inflação e juros
A expectativa dos consumidores para a inflação mostrou arrefecimento na passagem do mês. A projeção, que era de alta de 7,0% em dezembro, recuou para 6,8% em janeiro (taxa em 12 meses).
Nos dados do relatório Focus, compilados pela FGV, as expectativas saíram de 6,2% para 6,1%. Segundo Viviane, a percepção das famílias segue a tendência da análise dos especialistas, ainda que esteja sempre em patamares superiores.
"Existem estudos que provam que as expectativas dos consumidores estão sistematicamente acima dos especialistas, mas a tendência é a mesma", explica Viviane.
"Normalmente, o consumidor vai usar os preços com que ele lida no dia a dia, a inflação particular dele. Então, a inflação pessoal do consumidor acaba sendo um pouco mais elevada do que a média", acrescenta.
A perspectiva para a taxa de juros também está em linha com o que diz grande parte do mercado: de que o ciclo de alta da Selic terminará em breve. Com isso, o indicador que mede a expectativas dos consumidores para os juros nos próximos meses teve alta de 5,5%.
"Diminuiu a parcela dos que acreditam que os juros vão subir, que é o que os próprios analistas estão sugerindo", destaca a economista. Na sondagem de janeiro, 63,7% dos consumidores apostaram em nova alta de juros, contra 66,3% em dezembro.
"Não há uma grande mudança no cenário econômico que sugerisse que o Banco Central poderia diminuir o ritmo de alta de juros, mas essa expectativa parece estar sendo absorvida pelos consumidores", diz Viviane.