Economia

Embarque de açúcar do Brasil deve seguir firme no 1o tri

Projeções de safra grande, porém, pressionam preços internacionais da commodity

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2013 às 20h11.

São Paulo - As exportações de açúcar devem continuar em alta neste primeiro trimestre, puxadas por embarques de negócios fixados quando os preços estavam mais altos e pela necessidade de escoar a produção excedente da atual temporada, disseram analistas.

"O aumento das exportações de açúcar que vemos agora é pontual, reflete a fixação (das vendas futuras) feita em outubro e novembro, quando os preços estavam mais altos", disse Maurício Muruci, analista de açúcar da Safras & Mercado.

O analista explica que a commodity passa por um momento delicado, uma vez que a expectativa de grande safra no Brasil vem pressionado as cotações internacionais do açúcar.

Em meados de 2012, o contrato referência do açúcar bruto negociado na bolsa de Nova York (ICE) ficou próximo de 24 centavos de dólar por libra-peso, mas desde então segue trajetória de queda.

Nesta quinta-feira, o contrato terminou em queda de 0,2 por cento, a 18,42 centavos por libra-peso.

"Esta queda levou a outro posicionamento da indústria, ela está aproveitando para exportar tudo o que puder", afirma, acrescentando que a expectativa é de novas quedas.


Segundo ele, grande parte dos embarques feitos neste começo do ano é de negócios que foram fixados em outubro e novembro de 2012, com preços entre 23 cents a 24 cents por libra-peso, acima dos atuais 18 cents a 19 cents/lb, e que ainda podem recuar mais.

Muruci calcula calcula que as usinas fixaram entre 25 e 30 por cento da safra naquele período do ano passado, ante os tradicionais 10 por cento no mesmo período dos ciclos anteriores, quando o mercado de açúcar seguia tendência altista.

OFERTA MAIOR

O diretor da Job Economia, Julio Maria Borges, observa que além da questão dos preços, a oferta excedente de açúcar nesta temporada também vem estimulando as usinas a exportarem mais.

Diante deste cenário, Borges observa que, além dos embarques de vendas fixadas no último trimestre do ano passado, as usinas também estão entrando no mercado à vista, ou spot, para manter o ritmo das exportações diante do aumento da produção de açúcar.

"A produção veio acima do esperado no centro-sul, um adicional de 3 milhões de toneladas. Isso não cabe no mercado interno, vai ter que ser exportado", avaliou.


Segundo ele, o problema é que as vendas ocorrem em um momento desfavorável, que acaba reforçando o movimento de baixa dos preços internacionais do açúcar, porque o Brasil acaba competindo com as ofertas da Tailândia e América Central.

A expectativa inicial aponta moagem de cana do centro-sul, região que responde por mais de 90 por cento da safra brasileira, é de uma alta para até 600 milhões de toneladas, ante as 560 milhões de toneladas da atual temporada, segundo estimativas iniciais.

Estimativa inicial da Safras & Mercado para o ciclo 2013/14, que tem início em abril, aponta redução da produção de açúcar.

O analista da Safras lembra que para o ano a expectativa é de possível contração nos embarques de açúcar. Ele considera que embora a demanda pelo produto brasileiro continue firme, os preços mais baixos da commodity podem fazer com que as usinas limitem as vendas à espera de preços melhores para a commodity.

Acompanhe tudo sobre:acucarComércio exteriorCommoditiesExportações

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto