Economia

Em vídeo, Lula reforça que governo não vai taxar transferências via Pix

Em declaração nas redes sociais, o presidente afirmou que fez doação para estádio do Corinthians

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 19h30.

Última atualização em 10 de janeiro de 2025 às 19h45.

Tudo sobreLuiz Inácio Lula da Silva
Saiba mais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou as redes sociais nesta sexta-feira, 10, para esclarecer que as novas regras da Receita Federal sobre transações financeiras não significam aumento de impostos para transferências realizadas pelo Pix.

"Tem uma quantidade enorme de mentira desde ontem em todas as redes sociais dizendo que o governo vai taxar o Pix. E eu quero provar que é mentira. O governo não vai taxar o Pix", disse o presidente.

O chefe do Executivo aproveitou a ocasião para declarar sua contribuição à campanha lançada em novembro do ano passado, que busca arrecadar fundos para o Corinthians quitar a dívida da construção de seu estádio. No vídeo, Lula disse ter doado R$ 1.013 ao clube.

"O que nós podemos fazer é fiscalizar para evitar lavagem de dinheiro. E como eu acredito no Pix. E acredito no governo, poque nós não vamos taxar de forma nenhuma. Quem falar que o governo vai taxar está mentindo", disse Lula.

Novas regras para Pix não criam tributos; veja como a Receita vai ampliar o monitoramento

Mudança de diretriz na Receita

A partir deste mês, a Receita Federal ampliou a fiscalização financeira, passando a ter acesso a informações de operadoras de cartão de crédito e de instituições de pagamento. A medida pretende monitorar operações realizadas por Pix pelos contribuintes.

O foco da fiscalização será em transações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas, realizadas por meio de cartões de crédito, débito, lojas e instituições de pagamento.

No final de todos os meses, as instituições terão de somar todos os valores que saíram da conta, inclusive saques, e, ultrapassando os limites definidos, informar à Receita. Os valores que entraram na conta também serão considerados, e não será individualizada a modalidade da operação, seja Pix, seja débito, seja crédito. Todos os valores são consolidados, e os totais movimentados a débito e a crédito numa dada conta deverão ser informados.

As informações serão repassadas para a Receita semestralmente e poderão ser utilizadas na declaração pré-preenchida do imposto de renda da pessoa física no próximo ano, evitando-se sonegação e divergências.

Antes, as instituições financeiras tradicionais, como bancos, já eram obrigadas a reportar operações de R$ 2 mil para pessoas físicas e de R$ 6 mil para pessoas jurídicas ao Fisco. Não há, contudo, impedimento de que valores inferiores aos limites da norma sejam enviados pelas instituições declarantes.

Na prática, a medida aumenta o alcance da fiscalização, inclui bancos digitais e operadoras de cartão e específica na norma a fiscalização de transações via Pix, cartões de débito, cartões de loja e moedas eletrônicas.

A Receita afirma que a medida não vai permitir a identificação da origem ou natureza dos gastos efetuados, respeitando a normas legais dos sigilos bancário e fiscal.

Anteriormente, apenas bancos tradicionais, públicos ou privados, repassavam essas informações ao órgão, e não havia instruções específicas para incluir operações via Pix, moedas eletrônicas ou cartões de loja.

Pix não será taxado em 2025: entenda as novas regras de monitoramento da Receita Federal

Desinformação

O vídeo de Lula foi divulgado em meio a uma onda de desinformação difundida nas redes sociais nesta semana, que causou confusão em relação às novas regras da Receita Federal. Em vídeo publicado na noite de quinta-feira, 9, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desmentiu a criação de novos impostos, como o suposto tributo sobre operações no Pix e compra de dólar.

Segundo especialistas ouvidos pela EXAME, a medida reforça a fiscalização de movimentações financeiras no país, poderá captar sonegações e levar pessoas à malha fina ou a enfrentar processos por sonegação fiscal.

A mudança, segundo o Fisco, está alinhada ao “Padrão de Declaração Comum” (Common Reporting Standard ou CRS), adotado internacionalmente para reforçar a transparência fiscal e o combate à evasão tributária. Segundo a Receita, "a medida visa aprimorar o cumprimento das leis tributárias e identificar irregularidades".

Acompanhe tudo sobre:receita-federalGoverno LulaLuiz Inácio Lula da Silva

Mais de Economia

Potencial econômico da China é visto como forte por mais de 70% globalmente

China amplia déficit e intensifica políticas fiscais para crescimento em 2025

Pix não será taxado em 2025: entenda as novas regras de monitoramento da Receita Federal

Rui Costa diz que eventos climáticos levaram inflação de 2024 para fora do teto