Boletim Focus: projeções dão alívio (Adriano Machado/Reuters)
Redação Exame
Publicado em 18 de setembro de 2023 às 09h33.
Última atualização em 18 de setembro de 2023 às 09h36.
Após a surpresa com o IPCA de agosto (0,23%), as expectativas para inflação retomaram a trajetória de queda no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 18, - usado como base nos modelos de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom). Ao mesmo tempo, os especialistas continuam a revisar o PIB para cima. A projeção para a Selic em 2023 foi mantida pela sexta semana consecutiva.
A projeção para a inflação oficial em 2023 caiu de 4,93% para 4,86%. Um mês antes, a mediana era de 4,90%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção baixou de 3,89% para 3,86%, mesma mediana de um mês atrás.
Considerando somente as 129 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,93% para 4 84%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,82% para 3,83%, considerando também 129 atualizações no período.
Para 2025, que tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50%, repetindo a mediana de quatro semanas antes. No horizonte mais longo, de 2026, também houve manutenção da estimativa em 3,50%, como há um mês.
As estimativas do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, apesar da baixa de hoje, a mediana supera o teto da meta (4,75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, o BC divulgou projeção de 3,4% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, ficou em 3,0% no modelo, que considerava um primeiro corte de 0,25pp, de 3,1% em junho. Para 2023, a projeção é de 4,9%.
O Boletim elevou a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) do país de 2,64% para 2,89% para este ano. Há um mês a projeção era de 2,29%. Considerando apenas as 86 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,96% para 2,90%.
Para 2024 também houve um aumento na projeção do PIB, para 1,50% ante 1,47% na semana anterior. Para 2025, o mercado vê nesta semana uma leve redução do índice econômico em relação à semana passada, de 2,0% para 1,95%.
Após o PIB do segundo trimestre (0,9%), o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou que a previsão oficial para 2023 deve ficar entre 3,0% e 3,5%. No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
A mediana para a Selic no encerramento deste ano ficou em 11,75%. A expectativa segue a sinalização dada pelo Copom de continuidade do ritmo de corte de juro em 0,50 ponto porcentual, assim como na reunião de agosto, que inaugurou o ciclo de queda. Atualmente, o juro básico da economia está em 13,25%.
Para o término de 2024, a mediana se manteve em 9,00%. Há um mês a estimativa já era essa. Considerando apenas as 104 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2023 também permaneceu em 11,75%. Para o fim de 2024, continuou em 9 00%, com 104 atualizações na última semana.
A decisão de agosto do Copom surpreendeu parte do mercado, que apostava majoritariamente em uma queda mais "parcimoniosa", de 0 25pp. Nas comunicações oficiais e em eventos públicos depois do encontro, os membros do colegiado repetiram que a "barra" é alta para acelerar o ritmo de cortes.
O Boletim Focus ainda mostrou que a projeção para a Selic no fim de 2025 e de 2026 continuaram em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.