Economia

Em reunião com CEOs em Davos, Guedes explica comentário sobre pobreza

Ministro diz que nenhum país deseja desmatar ou ver florestas incendiadas. Fala foi criticada por ex-vice-presidente dos EUA

Paulo Guedes: "a pobreza é a maior inimiga do meio ambiente", disse o ministro nesta terça (Andre Coelho/Bloomberg)

Paulo Guedes: "a pobreza é a maior inimiga do meio ambiente", disse o ministro nesta terça (Andre Coelho/Bloomberg)

AO

Agência O Globo

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 14h34.

Davos, Suiça — O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou um encontro com CEOs de grandes multinacionais, nesta tarde, para tentar desfazer a impressão negativa deixada pelo comentário, feito ontem, de que "a pobreza é a maior inimiga do meio ambiente" e as pessoas destroem porque "precisam comer".

Na reunião, fechada à imprensa, Guedes disse que nenhum país deseja desmatar ou ver suas florestas incendiadas, citando inclusive a situação da Austrália, segundo relatos.

Desta vez, ele explicou melhor o raciocínio: as maiores cobranças ao Brasil vinham justamente de países que já destruíram suas florestas, seja por fome e desconhecimento de seus habitantes em outras épocas, seja por ataques a minorias éticas.

"Agora falei certo?", perguntou Guedes a interlocutores na saída da reunião. Havia executivos de empresas como Iberdrola, Enel, Mastercard, Corporación América, Itaú e Bradesco na plateia.

A declaração de ontem, que nos recintos do Fórum Econômico Mundial passou praticamente despercebida, foi alvo de conversas hoje nos corredores de Davos depois que o ex-vice-presidente americano Al Gore respondeu Guedes.

No palco principal do centro de convenções, Gore teve um debate com o climatologista brasileiro Carlos Nobre sobre o futuro sustentável da Amazônia.

Em referência indireta a Guedes, Gore comentou:

"Hoje é amplamente entendido que o solo da Amazônia é pobre. Dizer às pessoas no Brasil que elas vão chegar à Amazonia, cortar tudo e começar a plantar, e que terão colheitas por muitos anos, isso é dar falsa esperança a elas. Há sim respostas para a Amazônia, mas não esta."

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