PIB: economia brasileira vai encolher 10,1% no segundo trimestre, diz Agostini (Priscila Zambotto/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 29 de maio de 2020 às 12h55.
Num ranking de 34 países que já divulgaram o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, o Brasil ficou na 15ª colocação, ao lado de países como Noruega e Taiwan, também com queda de 1,5% na economia nos três primeiros meses do ano. A economia chinesa teve queda de 9,8% no período (33º posição), enquanto o PIB dos EUA recuou 1,2% (12ª posição). O ranking foi elaborado pela agência de classificação de risco Austin Rating.
O economista-chefe da Austin, Alex Agostini, afirma que o PIB do primeiro trimestre é apenas a 'ponta do iceberg'. Ele estima que no segundo trimestre, a economia brasileira vai encolher 10,1%. No ano, a agência de classificação de risco estima uma queda de 6%. Em abril, diz Agostini, os indicadores econômicos vieram piores do que o esperado. Como exemplo, ele cita a produção automobilística, que caiu 99% no mês passado.
"Em janeiro e fevereiro, o crescimento ainda vinha embalado. Mas com apenas 15 dias de março, quando a pandemia de fato começou a afetar a atividade econômica no país, houve um estrago desse tamanho. Então, essa queda de 1,5% é a apenas a ponta do iceberg. Para o ano, nossa previsão agora é de uma recessão de 6%", diz Agostini.
Ele afirma que a queda de 2% no consumo das famílias, que representa dois terços do PIB, foi o principal fator que derrubou a economia brasileira no primeiro trimestre. Além das medidas de isolamento, muita gente perdeu renda e o emprego.
"O emprego é o primeiro indicador a cair, nesses momentos de crise, e o último a se recuperar. Portanto, acredito que a recuperação da economia brasileira se dará de forma mais lenta. Para 2021, nossa estimativa é de um crescimento de 3,3%", disse Agostini.
No ranking dos PIBs, o primeiro lugar ficou com o Chile, que teve crescimento de 3% no primeiro trimestre, na comparação com o último trimestre de 2019. No segundo lugar, aparece a Índia, com crescimento de 1,1% no período, seguida pela Rússia, com expansão de 0,6%.
Países que foram duramente afetados pela pandemia, como Itália e Espanha, tiveram um tombo ainda maior em suas economias nos três primeiros meses do ano. As economias espanhola e italiana encolheram 4,7% no período. A maior economia na zona do euro, a da Alemanha, teve retração de 2,2% no primeiro trimestre.
"O Brasil ficou no meio do ranking, com apenas 15 dias de pandemia. Isso revela as deficiências do país, que tem problemas maiores que a política econômica, como o ambiente político, por exemplo" diz Agostini.
1) Chile: +3,0%
2) Índia: +1,1%
3) Rússia: +0,6%
4) Bulgária: +0,3%
Romênia:+0,3%
5) Finlândia: +0,1%
6) Lituânia: -0,2%
7) Suécia: -0,3%
8) Hungria: -0,4%
9) Polônia: -0,5%
10) Ucrânia: -0,8%
11)Japão: -0,9%
12) Estados Unidos: -1,2%
13) Chipre:-1,3%
14) Coréia do Sul: -1,4%
15) Brasil: -1,5%
Noruega:-1,5%
Taiwan:-1,5%
16) México:-1,6%
17) Holanda: -1,7%
18) Israel: -1,8%
19) Dinamarca:-1,9%
20) Malásia:-2,0%
Reino Unido: -2,0%
Tunísia: -2,0%
21) Alemanha: -2,2%
Tailândia: -2,2%
22) Colômbia: -2,4%
Indonésia: -2,4%
23) Áustria: -2,5%
24) Letônia: -2,9%
25) República Tcheca: -3,6%
26) Bélgica: -3,9%
Portugal: -3,9%
27) Cingapura: -4,7%
Espanha: -4,7%
Itália: -4,7%
28) Peru: -5,0%
29) Filipinas: -5,1%
30) Hong Kong: -5,3%
31) Eslováquia: -5,4%
32) França: -5,8%
33) China: -9,8%
34) Nigéria: -14,3%
Fonte: Austin Rating