Economia

Em meio a guerra no Twitter, Maia instala comissão da reforma

Presidente da Câmara, elogiado por Bolsonaro em cadeia de rádio e TV, se consolida como embaixador do bom senso no governo

Rodrigo Maia: presidente da Câmara vetou ontem abertura de processo de impeachment de Hamilton Mourão (Valter Campanato/Agência Brasil)

Rodrigo Maia: presidente da Câmara vetou ontem abertura de processo de impeachment de Hamilton Mourão (Valter Campanato/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2019 às 07h15.

Última atualização em 25 de abril de 2019 às 07h29.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para as 11h desta quinta-feira a instalação da comissão especial da reforma da Previdência. É o começo dos trabalhos da próxima e mais importante etapa da tramitação do principal projeto do governo de Jair Bolsonaro. A comissão será responsável pela análise do mérito da proposta, que teve sua admissibilidade aprovada na terça-feira pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Analistas acompanharão com especial atenção a escolha do presidente e do relator da comissão, que devem encabeçar os esforços do governo de não esvaziar a proposta. O plano é que a economia prevista de 1 trilhão de reais com a Previdência termine as 40 sessões da comissão praticamente intacta.

A tendência é que a escolha dos principais nomes fique a cargo de Maia, cada vez mais importante para a tramitação da reforma. O presidente da Câmara bateu o pé na divulgação dos estudos técnicos que embasam o cálculo da economia prevista, e levou. O Planalto havia vetado sua divulgação, no fim de semana.

Em mais uma mostra de que é um fiador de uma frágil estabilidade no governo, Maia barrou ontem um pedido de impeachment feito pelo deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), contra o vice-presidente Hamilton Mourão. Mourão é alvo de uma leva de ataques nas redes sociais feita por um dos filhos de Bolsonaro, Carlos.

Em pronunciamento em cadeia nacional de TV na noite de ontem, Jair Bolsonaro, o pai, agradeceu o Congresso pela aprovação da reforma na CCJ e, em especial, o “comprometimento do presidente Rodrigo Maia”. “É muito importante lembrar que se nada for feito o país não terá recursos para garantir uma aposentadoria para todos os brasileiros”, disse.

O problema, na visão de investidores e analistas, é que vai ficando cada dia mais claro que a reforma não será aprovada no primeiro trimestre, como segue prometendo o governo. A demora deve jogar para frente as indefinições com a recuperação econômica. Ontem, o dólar bateu perto de 4 reais, num dia em que foi anunciado o fechamento de 43 mil vagas de trabalho. “Bateu a clarez no empresariado que o governo será muito mais lento nas reformas do que gostaria”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados e colunista de EXAME.

A cada novo indicador negativo vai ficando mais claro que o mundo de faz de conta do Twitter pode até ter sido decisivo na vitória eleitoral de Bolsonaro, mas não dará conta de tirar o Brasil do atoleiro.

Acompanhe tudo sobre:Exame HojeGoverno BolsonaroReforma da PrevidênciaRodrigo MaiaTwitter

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto