Economia

Em meio à crise imobiliária, China terá US$ 29 bi em crédito para retomada da construção de imóveis

É o maior compromisso já anunciado pelo governo para sanar a turbulência no setor. Pequim também corta juros de empréstimo habitacional

Edifícios residenciais em construção no empreendimento Cathay Courtyard do Tahoe Group Co. em Xangai (Qilai Shen/Getty Images)

Edifícios residenciais em construção no empreendimento Cathay Courtyard do Tahoe Group Co. em Xangai (Qilai Shen/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 22 de agosto de 2022 às 18h37.

Última atualização em 22 de agosto de 2022 às 18h50.

A China reservou 200 bilhões de iuanes (US$ 29,3 bilhões) em empréstimos especiais para garantir que imóveis residenciais paralisados em meio à crise do setor sejam entregues aos compradores, segundo fontes. O programa foi anunciado na sexta-feira, sem detalhes, e é apontado como o maior compromisso já revelado por Pequim para conter a crise imobiliária. O governo também informou hoje que cortará juros do crédito habitacional.

A crise imobiliária teve seu auge com a derrocada do grupo Evergrande, que derrubou as vendas de imóveis. Centenas de milhares de chineses de classe média ficaram no limbo depois de iniciarem o pagamento pelas residências, que não foram concluídas.

Diante disso, alguns mutuários começaram a boicotar os pagamentos de prestações, complicando ainda mais a situação das empresas. Isso vem sendo apontado como uma ameaça à estabilidade social em um período politicamente sensível de transição da liderança do Partido Comunista no fim deste ano.

O Banco Popular da China e o Ministério das Finanças disponibilizarão os recursos através de credores como o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Desenvolvimento Agrícola da China, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas. Os empréstimos especiais serão usados apenas para imóveis que já foram vendidos, mas ainda não foram concluídos.

O Banco Popular da China, o Ministério das Finanças e o Ministério da Habitação não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

“Vemos a introdução do financiamento de resgate pelo governo central como o primeiro desenvolvimento significativamente positivo nas últimas cinco a seis semanas”, disseram Jizhou Dong e Stella Guo, analistas da Nomura, em nota no domingo.

Eles estimavam que o financiamento precisaria atingir pelo menos 200 bilhões a 300 bilhões de iuanes para ser eficaz.

Nova redução de juros

Instados a aumentar empréstimos para apoiar a economia do país, os bancos chineses reduziram os juros de referência pela segunda vez desde 20 de maio. Isso ocorreu depois que o banco central na semana passada baixou inesperadamente sua taxa básica para apoiar o crescimento.

A taxa para cinco anos, referência para o crédito à habitação, foi reduzida em 15 pontos-base para 4,3% após ter sido reduzida na mesma magnitude em maio.

O Banco Popular da China também cortou sua taxa básica de empréstimo de um ano na segunda-feira, reduzindo-a em cinco pontos-base abaixo do esperado, para 3,65%, a primeira queda desde janeiro.

Os cortes de juros foram as mais recentes de uma série de medidas destinadas a ajudar o setor imobiliário, com uma crise de liquidez que exacerba a desaceleração da segunda maior economia do mundo. A China não deve alcançar sua meta de crescimento de cerca de 5,5% neste ano, e o desemprego juvenil está em um patamar recorde de 20%.

Veja também: 

Preço do etanol cai em 18 estados e no DF, diz ANP; média nacional recua 5,07%

Mercado reduz previsão para inflação este ano, após 19 semanas em alta, aponta Boletim Focus

Acompanhe tudo sobre:ChinaImóveisPequim

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo