Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ton Molina/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 11 de março de 2024 às 17h26.
Última atualização em 11 de março de 2024 às 17h27.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que a Petrobras não pode pensar só nos seus acionistas privados. Ele afirmou, ainda, ter tido uma "conversa séria" com a direção da Petrobras, cujo presidente é Jean Paul Prates, num momento de tensão na estatal por conta da retenção de dividendos pela empresa.
— O que eu acho é que a Petrobras, que é uma empresa que o governo tem ascendência sobre ela, é importante ter em conta que a Petrobras não é uma empresa somente de pensar nos acionistas que investem nela, tem que pensar no investimento e pensar em 200 milhões de brasileiros que são donos ou sócios dessa empresa — disse, em entrevista ao SBT, gravada na manhã desta segunda.
Ainda nesta tarde, o presidente brasileiro se reúne com o presidente da Petrobras e ministros do governo para tratar sobre a decisão da estatal em torno do pagamento de dividendos extraordinário, anunciada na semana passada.
— Nós tivemos uma conversa séria aqui, o governo com a direção da Petrobras. Porque a gente acha que é importante a gente pensar na Petrobras, pensar nos acionistas, mas é importante pensar no povo brasileiro. E eu tenho um compromisso em reduzir o preço do combustível, da gasolina.
A retenção de 100% dos dividendos extraordinários da estatal derrubou as ações da empresa, o que levou a Petrobras a perder mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado em um só dia.
— Às vezes, eu vejo notícias assim. “Petrobras cresce 30%”. “Petrobras bate recorde de produção de gasolina”. “Petrobras bateu recorde de exportação de petróleo”. “Petrobras bateu recorde de arrecadação”. E a gente não ganha nada com isso. Quando a pessoa vive de especulação na bolsa, pode crescer 30% num dia e cair 20% em outro — comentou Lula.
Como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, o presidende da Petrobras, Jean Paul Prates, defendia a proposta de distribuir aos acionistas 50% dos recursos que sobraram livres no caixa após o pagamento dos dividendos regulares — R$ 43,9 bilhões.
Por outro lado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendia reter esse dinheiro em um fundo de reserva. O governo tem maioria no Conselho de Administração da empresa, com 6 dos 11 conselheiros. Lula arbitrou e acabou decidindo que empresa não pagaria dividendo extra.
Silveira conta com o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Essa ala do governo argumenta que a retenção desse recurso preserva o fluxo de caixa da Petrobras, sem abrir mão do compromisso da companhia de pagar dividendos futuramente, revendo a decisão em outro momento.
A Petrobras reteve 100% dos 43,9 bilhões que poderiam ser destinado para distribuição de dividendos.
— O que não é correto é a Petrobras, que tinha que distribuir R$ 45 bilhões de dividendos, querer distribuir R$ 80 bilhões. E R$ 40 bilhões a mais que poderiam ter sido colocados para investimento, fazer mais pesquisa, mais navio, mais sonda... Não foi feito — afirmou Lula.
Prates, no entanto, defende que se não pagar o extra aos acionistas poderia derrubar o valor de mercado da Petrobras e de que não há riscos em fazer os pagamentos. Frente a mais uma queda de braço com o ministro Alexandre Silveira e a Casa Civil, o presidente da Petrobras tem buscado apoio junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participa encontro na tarde de hoje, e também defende o pagamento de dividendos.