Economia

Em ata, BC afirma que mais um corte na Selic pode trazer instabilidade

Na semana passada, o Conselho de Política Monetária manteve a Selic em 2,00% ao ano; BC reafirmou também que não pretende elevar Selic

Dinheiro: BC não vê elevações dos juros neste moment (Priscila Zambotto/Getty Images)

Dinheiro: BC não vê elevações dos juros neste moment (Priscila Zambotto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 08h57.

Última atualização em 22 de setembro de 2020 às 09h39.

O Banco Central retomou nesta terça-feira, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), a avaliação de que a taxa Selic - mantida em 2,00% ao ano na semana passada - já estaria próxima do nível a partir do qual reduções adicionais poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos.

Ao debater sobre um potencial limite efetivo mínimo para a taxa básica de juros, a maioria dos membros do colegiado considerou que esse limite seria "significativamente maior" em economias emergentes do que em países desenvolvidos, devido à presença de um prêmio de risco.

"Foi ressaltado que esse prêmio é dinâmico e tende a ser maior no Brasil, dadas a sua relativa fragilidade fiscal e as incertezas quanto à sua trajetória fiscal prospectiva", repetiu o Copom.

O Banco Central reafirmou na ata que não pretende elevar a Selic a menos que as expectativas de inflação estejam próximas das metas.

Na semana passada, o colegiado manteve a Selic em 2,00% ao ano. Na ocasião, o BC divulgou sua projeção de inflação no cenário híbrido, com juros do relatório Focus e câmbio fixo a R$ 5,30: 2 1% para 2020, 2,9% para 2021 e 3,3% para 2022. Estes porcentuais estão abaixo das metas de inflação perseguidas pelo BC: 4,00% para 2020, 3,75% para 2021 e 3,50% para 2022.

Na prática, o BC passou a indicação de que pode elevar a Selic somente quando as expectativas de inflação estiverem próximas das metas. Na ata de hoje, o BC também afirmou que há uma "assimetria em seu balanço de riscos".

De um lado, o BC lembra que o nível de ociosidade da economia pode produzir inflação abaixo do esperado. De outro, ele cita que as políticas fiscais de resposta à pandemia e as frustrações com as reformas podem elevar a inflação. Neste sentido, os programas podem adicionar uma assimetria no balanço de riscos.

Ainda assim, o BC não vê elevações dos juros neste momento. Em sua linguagem técnica, o colegiado afirmou: "apesar de uma assimetria em seu balanço de riscos, o Copom não pretende reduzir o grau de estímulo monetário, a menos que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária, que atualmente inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022. Essa intenção é condicional à manutenção do atual regime fiscal e à ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo", diz o texto.

Estas ideias já estavam presentes no comunicado da decisão da semana passada do Copom e foram repetidas na ata.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomeconomia-brasileiraJurosSelic

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo