Economia

Elites de Davos buscam respostas a incertezas sobre Trump

Lideranças estão preocupadas com um clima político cada vez mais tóxico e um amplo sentimento de incerteza acerca do governo Donald Trump

Fórum de Davos: títulos dos painéis de discussões no Fórum, que será realizado de 17 a 20 de janeiro, evocam um cenário inquietante (Fabrice Coffrini / AFP)

Fórum de Davos: títulos dos painéis de discussões no Fórum, que será realizado de 17 a 20 de janeiro, evocam um cenário inquietante (Fabrice Coffrini / AFP)

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Reuters

Publicado em 16 de janeiro de 2017 às 11h04.

Última atualização em 16 de janeiro de 2017 às 11h40.

Davos - A economia global está em sua melhor forma em anos. Mercados de ações estão em expansão, preços do petróleo estão subindo novamente e os riscos de uma rápida desaceleração econômica na China, uma grande fonte de preocupações um ano atrás, foram reduzidos.

Mesmo assim, à medida que líderes políticos, presidentes de empresas e importantes banqueiros se reúnem nos Alpes suíços para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, o clima não é de celebração.

Por baixo da aparência de otimismo sobre a previsão econômica está uma grande ansiedade sobre um clima político cada vez mais tóxico e um amplo sentimento de incerteza acerca do governo Donald Trump. A posse de Trump na Presidência dos Estados Unidos ocorre no último dia do Fórum.

No ano passado, o consenso aqui era de que Trump não tinha chances de ser eleito. Sua vitória, menos de um ano após o Reino Unido ter votado para deixar a União Europeia, foi uma refutação dos princípios que as elites em Davos há tempos consideravam caros --de globalização e livre comércio a multilateralismo.

Trump é o garoto propaganda de uma nova onda de populismo que está se espalhando pelo mundo desenvolvido e ameaçando a ordem democrática liberal do pós-guerra. Com eleições próximas na Holanda, na França, na Alemanha e possivelmente na Itália, neste ano, o nervosismo entre os presentes em Davos é palpável.

"Independentemente de como você vê Trump e suas posições, sua eleição levou a um profundo sentimento de incerteza, e isso vai lançar uma sombra sobre Davos", disse Jean-Marie Guehenno, presidente-executivo do International Crisis Group, um instituto de resolução de conflitos.

Moises Naim, do Carnegie Endowment for International Peace, foi ainda mais direto: "Há um consenso de que algo enorme está acontecendo, algo global e, de muitas formas, sem precedentes. Mas não sabemos quais as causas, nem como lidar com isso."

Os títulos dos painéis de discussões no Fórum, que será realizado de 17 a 20 de janeiro, evocam um cenário inquietante.

Entre eles constam: "Pressionada e Nervosa: Como Consertar a Crise da Classe Média", "Política do Medo ou Rebelião dos Esquecidos?", "Tolerância no Ponto de Virada?" e "A Era Pós-UE".

A lista de líderes que virão ao encontro neste ano diz muito. A estrela do evento será Xi Jinping, primeiro presidente da China a ir ao fórum de Davos.

Sua presença está sendo vista como um sinal do crescente peso de Pequim no mundo, em uma época que Trump promete uma abordagem mais fechada para os EUA, e que a Europa está preocupada com seus próprios problemas, entre os quais o Brexit e o terrorismo.

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