Eletrobras: presidente disse que o leilão de privatização das distribuidoras de energia da estatal deve acontecer até dia 28 do próximo mês (Adriano Machado/Getty Images)
Reuters
Publicado em 12 de abril de 2018 às 20h57.
São Paulo - A Eletrobras deverá discutir com o governo antes de sua privatização uma renovação do contrato de sua maior hidrelétrica, a usina de Tucuruí, que vence em 2024, o que pode elevar o valor da companhia e a arrecadação do governo com o processo, indicou a jornalistas nesta quinta-feira o presidente da estatal, Wilson Ferreira, após participar de encontro com acionistas em São Paulo.
"Teria que ter uma renovação antecipada... é algo que tem que ser avaliado", afirmou o executivo, que ressaltou que o negócio seria importante principalmente para tornar financeiramente viável a subsidiária da companhia na região Norte, conhecida como Eletronorte.
Ele explicou que, ao ser desestatizada, a Eletrobras deverá ficar com uma capacidade de geração de cerca de 38 gigawatts, contra quase 50 gigawatts atualmente, uma vez que as usinas nucleares de Angra e a hidrelétrica binacional de Itaipu serão cindidas da companhia e permanecerão estatais.
"O caso de Tucuruí é particularmente importante para a Eletronorte. Para a Eletrobras potencialmente privada, é uma usina de 8 gigawatts em (um portfólio total) de 38 GW, mas para a Eletronorte é 8 GW em 9GW (operados pela subsidiária). Se você não tem uma solução disso para aquela companhia é algo que é ruim", afirmou.
Os planos do governo para a privatização da Eletrobras preveem que a União terá uma golden share na empresa para ter poder de veto em determinados assuntos. Entre os temas regidos por essas ações especiais deverá estar uma obrigação de que os novos controladores da Eletrobras não fechem as subsidiárias da companhia atualmente existentes, como Eletronorte, Furnas, Chesf e Eletrosul.
Ferreira ressaltou, no entanto, que conversas oficiais sobre Tucuruí com o governo ainda não estão em curso. "Isso deve começar a partir de agora".
O presidente da Eletrobras também disse que o leilão de privatização das distribuidoras de energia da estatal, antes previsto para 21 de maio, deve acontecer até dia 28 do próximo mês.
Também foi adiada, para 29 de junho, a data prevista para um leilão em que a estatal oferecerá a investidores fatias minoritárias em usinas eólicas e linhas de transmissão de energia.
A licitação, em que a empresa pretende vender ativos com um valor contábil de 2,5 bilhões de reais, estava antes agendada para 7 de junho. Os empreendimentos a serem negociados somam 967 megawatts em capacidade de geração e cerca de mil quilômetros em linhas de energia e fazem parte de um plano de desinvestimentos da companhia para reduzir dívidas.
Ferreira também afirmou que um decreto que permitirá ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contratar estudos necessários à privatização ainda deverá ser publicado, apesar de o texto não ter sido divulgado nesta quinta-feira, como previsto na véspera pelo ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.
Com isso, o BNDES deve contratar "ainda nesta quinzena" os estudos, que devem estar prontos entre agosto e o início de setembro, disse o executivo.
A efetivação da desestatização da empresa, por meio de uma oferta de novas ações, ocorreria assim entre novembro deste ano e janeiro de 2019.