Bandeira do Brasil: confira oportunidades na carreira pública (Diego Vara/Reuters)
EFE
Publicado em 13 de novembro de 2017 às 06h38.
Miami - Os economistas chefes dos dois maiores bancos privados do Brasil concordaram neste domingo em que a consolidação da recuperação do Brasil depende do resultado das eleições de 2018, pois para crescer de maneira sustentada é necessário manter o rumo atual da política econômica e avançar nas reformas.
Em declarações à Agência Efe em Miami, Mario Mesquita, economista-chefe de Itaú Unibanco, se mostrou "moderadamente otimista" sobre as perspectivas da economia brasileira, enquanto Fernando Honorato Barbosa, diretor e economista-chefe do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos de Bradesco, disse ser "construtivo".
Ambos falaram assim, separadamente, depois de participar de uma apresentação especial sobre as perspectivas econômicas do Brasil para 2018, na véspera da abertura oficial da Assembleia Geral da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban).
Para o representante do Itaú Unibanco, "número um" dos bancos privados no Brasil, o "pior cenário possível é que o vencedor das eleições de outubro de 2018 faça uma mudança de políticas econômicas que represente uma volta ao populismo".
Mesquita considerou que as políticas populistas dos governos anteriores ao atual de Michael Temer contribuíram "muitíssimo" para que o Brasil experimentasse uma grave recessão em vez da desaceleração que era prevista.
Apesar disso, ele reconheceu não saber se o povo brasileiro é consciente disso, daí a incerteza que segundo sua opinião existe com o resultado das eleições.
Um ponto que vai ser muito a favor dos candidatos que apoiem manter a política econômica é a "surpresa positiva" da redução do desemprego, que, segundo disse, no final de 2018 pode ter caído para 11,5% ou 11% da população ativa.
O representante do Bradesco, o segundo maior banco privado do Brasil, disse que visto que os brasileiros irão às urnas notando uma melhoria na sua situação, as propostas dos candidatos em matéria de economia não vão se afastar muito da política atual, que "está funcionando e vai continuar dando ainda mais resultados".
"Apesar disso, hoje em dia é muito difícil dizer quem vai ganhar", reconheceu Barbosa.
Se vencer o PT - dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e que esteve envolvido em grandes escândalos de corrupção -, a "grande questão" para Barbosa é que "o PT é quem estaria no poder".
Também é importante para que o Brasil cresça de maneira sustentada que se continue avançando com as reformas, especialmente a da Previdência, essencial para melhorar as contas públicas.
"Se não formos capazes de resolver isto, não ficaremos em boa situação: ou teremos inflação alta ou impostos elevados", acrescentou o economista do Bradesco.
Seu colega do Itaú Unibanco afirmou que a reforma da Previdência é tão "impopular quanto necessária" e que o ideal é aprová-la o mais rápido possível, pois a população ativa do Brasil vai deixar de crescer em cerca de 15 anos e, enquanto isso, o número de aposentados vai continuar aumentando.
Atualmente, disse, o sistema de Previdência tem um déficit médio anual por pensionista de R$ 8.500 que devem sair dos cofres do Estado.
No setor público é onde o problema é maior pois o déficit é de R$ 72.500 por pensionista.
De acordo com Mesquita, é necessário impor um tempo mínimo para a aposentadoria (atualmente não há prazos) e acabar com os privilégios dos funcionários públicos em matéria de pensões.
As regras devem ser as mesmas para todos os trabalhadores, afirmou Mesquita, que considera igualmente importante abrir a economia do Brasil, que, segundo sua opinião, esta fechada no comercial devido a interesses dos setores industriais e agrícolas.
"Numa economia fechada, a produtividade cresce mais lentamente e as transferências tecnológicas também", disse Mesquita.
Barbosa afirmou, por sua vez, que o Brasil precisa crescer em bases sustentáveis, a 3% ou 3,5%, algo que "não é impossível" e é vital para a sustentabilidade fiscal.
Em 2018 a economia do Brasil crescerá 2,8% e em 2019 pode conseguir 3,5%, segundo Barbosa.
Mesquita apontou para um crescimento de 3%, com uma inflação da ordem de 3,3% e uma taxa de juros que cairá em fevereiro para 6,5%.
A 51ª Felaban acontece nesta segunda e terça-feira em um hotel de Miami, com a participação de mais de 2.000 diretores de 54 países.