Sede da Moody's em Nova York: o mecanismo adotado pelo governo de contrair dívida e repassar os recursos para os bancos públicos, também na forma de dívida, causa desconforto para a agência (REUTERS/Brendan McDermid)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2013 às 15h03.
São Paulo - A agência de classificação de risco Moody's vê com restrição a capacidade de o governo brasileiro executar uma prometida migração do foco do crédito dos bancos públicos devido às eleições no ano que vem. "O discurso do governo é positivo, mas, na prática, efetuar essa mudança, pode se tornar complicada", disse a analista sênior de crédito da Moody's, Ceres Lisboa.
Ceres explicou que os bancos públicos têm direcionado crédito para segmentos que não atraem o interesse, nesse momento, dos privados, como crédito pessoal, financiamento de veículos e para pequenas e médias empresas.
Nesse sentido, a especialista sugeriu que o governo deva enfrentar dificuldade em migrar o foco das instituições financeiras estatais, justamente pelo risco de gerar uma lacuna em segmentos da sociedade que possam resultar em críticas próximo às eleições.
A analista destacou ainda que o mecanismo adotado pelo governo de contrair dívida e repassar os recursos para os bancos públicos, também na forma de dívida, causa desconforto para a agência e justifica o rebaixamento dado recentemente à Caixa Econômica Federal e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Esses recursos tomados pelo governo entraram nos bancos públicos como instrumento de dívida, o que tornou a estrutura de capital dos mesmos mais vulnerável", disse. Ela ressaltou o fato de as instituições estatais continuarem contribuindo com o governo de forma importante, com a distribuição de dividendos. "Portanto, é uma troca de riscos e essa circularidade preocupa", afirmou.
Ceres participou da 15ª Conferência Anual Moody's América Latina nesta terça-feira, 01.