Economia

Eleição não deve prejudicar crescimento do crédito, diz Bradesco

A economia brasileira começou a crescer novamente no primeiro trimestre depois de mais de dois anos em recessão, mas a expansão do crédito ficou defasada

Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco (Germano Lüders/Exame)

Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco (Germano Lüders/Exame)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 20 de novembro de 2017 às 07h00.

Última atualização em 20 de novembro de 2017 às 07h00.

Está demorando mais do que o esperado, mas o total de empréstimos bancários no Brasil está prestes a se recuperar da queda provocada pela recessão.

Mesmo com país rumo a uma eleição incerta, as perspectivas para o crédito bancário em 2018 são brilhantes, de acordo com Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco. Isso se a recuperação da economia continuar e presidente for única grande mudança.

“Se a expansão do PIB atingir 1,5 por cento, o crédito crescerá 4 por cento com certeza nos próximos 12 meses”, disse Trabuco em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York.

O presidente do segundo maior banco do País por valor de mercado expressou confiança no presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e no ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele disse que a dupla, que chamou de “time de campeões”, ajudará a manter o país no controle durante o ano eleitoral com uma política econômica alinhada que promove taxas de câmbio flexíveis, controle de inflação e cortes nos gastos do governo.

A economia brasileira começou a crescer novamente no primeiro trimestre depois de mais de dois anos em recessão, mas a expansão do crédito ficou defasada, de acordo com dados do Banco Central. O total de empréstimos na maior economia da América Latina encolheu 2 por cento nos últimos 12 meses. Fator principal para queda foi a concessão de empréstimos a empresas, que teve contração de 8,7 por cento. No Bradesco, o crédito encolheu 6,7 por cento no terceiro trimestre na comparação anual.

“Os bancos brasileiros tiveram de fazer uma limpeza do balanço, quantos grupos econômicos importantes desapareceram nos últimos anos”, disse Trabuco, que viajou para Nova York no início desta semana para o fórum anual de CEO da instituição.

Abordagem ‘cautelosa’

A abordagem “cautelosa” sobre os empréstimos e o aumento das provisões para cobrir prejuízos com créditos ajudaram os bancos a enfrentar o aumento da inadimplência, disse ele. Ainda assim, o Bradesco foi forçado a cortar despesas. O banco fechou quase 500 agências e reduziu o número de funcionários em 8,4 por cento nos últimos 12 meses.

“Como o crédito não aumentou como esperávamos, aceleramos o processo de cortes de despesas” para tirar proveito da aquisição do HSBC, disse ele, referindo-se à compra da unidade local do HSBC, por US$ 5,2 bilhões, em julho de 2016.

As despesas com provisões para cobrir todas as perdas com inadimplência caíram no trimestre mais recente, para R$ 3,8 bilhões, e o retorno sobre o capital do banco, um indicador da rentabilidade, chegou a 18,1 por cento.

Política

Quanto à situação política, Trabuco projeta que a eleição do próximo ano trará “volatilidade” para os mercados e um debate sobre o tamanho do governo brasileiro.

“O candidato que prometer que o Estado será o provedor de mais empregos e renda perderá credibilidade, dada a crise fiscal em que estamos”, disse ele, sugerindo que a incipiente recuperação deve ser impulsionada por investimentos do setor privado, reformas, como a que abriu os mercados de petróleo às empresas internacionais, e por uma lei que limite os gastos do governo.

“Temos visto nos últimos anos a sociedade brasileira valorizando o controle da inflação, o resgate da moralidade da coisa pública, e não esperamos perder esses valores nas próximas eleições”, afirmou.

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