Homem passa pelo edifício do Banco Central em Brasília: com a inflação sob os holofotes, Copom elevou a Selic na semana passada em 0,25% (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2013 às 12h44.
São Paulo - Economistas de instituições financeiras passaram a ver um ciclo menor de aperto monetário neste ano como reflexo da atuação dividida e aquém do esperado do Banco Central, assim como do destaque dado pelo próprio BC à cautela ao falar na semana passada da condução da política monetária.
Na pesquisa Focus do BC, divulgada nesta segunda-feira, os analistas reduziram a expectativa para a taxa básica de juros no final deste ano a 8,25 por cento, contra 8,50 por cento na semana anterior.
Com a inflação sob os holofotes, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic na semana passada em 0,25 ponto percentual, a 7,50 por cento, abaixo do que precificava o mercado financeiro. Foi uma decisão dividida, com dois diretores defendendo a manutenção da taxa em 7,25 por cento.
Apesar do nível elevado da inflação e a dispersão do aumento dos preços, o Copom ressaltou que incertezas internas e externas "recomendam que a política monetária seja administrada com cautela".
O Focus mostra que a expectativa é de continuidade do ciclo de ajuste, porém de maneira comedida, com mais três altas de 0,25 ponto percentual, em maio, julho e agosto. Novo aumento só está projetado para janeiro de 2014, com a Selic indo então a 8,50 por cento.
"(Os analistas) estão meio que abandonando a percepção do que acham que deveria ser feito para o que acham que o BC vai fazer. As expectativas estão agora mais baseadas na leitura das palavras, no que foi dado a entender", avaliou a economista da Rosenberg & Associados Priscila Godoy.
Entre o Top 5, instituições que mais acertam as projeções no Focus, as que têm maior acerto no médio prazo mantiveram a projeção para a Selic em 8,50 por cento no final de 2013 na mediana das projeções. Mas as que têm maior acerto no curto prazo, reduziram a previsão para o final do ano para 8,25 por cento, ante 8,50 por cento.
As atenções agora se voltam para a divulgação, na quinta-feira, da ata da reunião do Copom, com os analistas em busca de mais detalhes que possam dar indícios sobre as atuações futuras.
"Sua divulgação (da ata) é amplamente aguardada também porque houve dissenso na decisão tomada. O tom da ata deverá influenciar as percepções quanto ao ritmo e magnitude do novo ciclo monetário", destacou o Bradesco em nota assinada por Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos.
A Rosenberg & Associados aguarda a ata para decidir se reduz sua perspectiva para a Selic este ano de 8,50 por cento para 8,25 por cento, segundo Priscila.
Inflação
Ao mesmo tempo, os analistas consultados no Focus elevaram a projeção para o IPCA em 2013 a 5,70 por cento, contra 5,68 por cento na semana anterior, mostrando que ainda estão céticos quanto à convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais.
Em relação à inflação nos próximos 12 meses, a projeção subiu a 5,53 por cento, após 5,42 por cento na semana anterior.
Na sexta-feira, o IPCA-15 deixou clara a resistência da inflação ainda em patamares elevados ao acelerar a 0,51 por cento em abril, com nível elevado de disseminação da alta dos preços.
Para 2014, a projeção de inflação foi ligeiramente elevada a 5,71 por cento, ante 5,70 por cento, e a da Selic mantida em 8,50 por cento.
Crescimento
Os economistas mantiveram a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano em 3,00 por cento. Para 2014 também houve manutenção, em 3,50 por cento.
Por sua vez, a perspectiva para a expansão da produção industrial neste ano foi reduzida a 2,86 por cento, contra 3,00 por cento anteriormente. Para 2014 a projeção também caiu, para 3,75 ante 3,80 por cento.
A pesquisa mostrou ainda manutenção da projeção para o câmbio no final deste ano em 2 reais pela oitava semana seguida.