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Economistas otimistas esperam sólida reativação após crise do coronavírus

Para diretora do FMI, é preciso voltar à Grande Depressão de 1929 para encontrar magnitudes semelhantes ao impacto do coronavírus

 (Issei Kato/Reuters)

(Issei Kato/Reuters)

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AFP

Publicado em 12 de abril de 2020 às 14h45.

A economia global sofre uma dura paralisação devido às medidas de isolamento para conter a pandemia de coronavírus.

Apesar da quebra de empresas e disparo da dívida pública em muitos países, alguns economistas estão otimistas sobre uma recuperação sólida após a crise.

Já não é mais possível comparar com a crise financeira de 2008, dada a magnitude dos dados.

O número de desempregados, as perdas das empresas, a quantidade de planos de apoio econômico nos países desenvolvidos: os zeros estão alinhados um após o outro, excedendo em muito o que o mundo viu há pouco mais de uma década.

É preciso voltar à Grande Depressão de 1929 para encontrar magnitudes semelhantes, de acordo com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

O crescimento mundial tende a ser "fortemente negativo em 2020", e 2021 poderá ser "pior" se a pandemia se estender, estimou na última quinta-feira, antes das reuniões anuais da entidade esta semana, que serão virtuais pela primeira vez.

Um furacão

As consequências desta crise se parecem mais com às de uma catástrofe natural, por exemplo, um furacão, do que com as de uma crise econômica tradicional, concluíram economistas do Federal Reserve regional de Nova York (Fed, banco central).

"As recessões se desenvolveram progressivamente ao longo do tempo", explicaram os pesquisadores Jason Bram e Richard Dietz na sexta-feira.

Já a pandemia de coronavírus, que já deixou mais de 100.000 mortos em todo o mundo, "veio de repente e atingiu a economia como um golpe, em um mês", disseram eles.

Primeiro, afetou o turismo, as companhias aéreas e as viagens.

Mas, diferentemente de uma catástrofe natural, ela não destrói infraestruturas", o que pode facilitar uma reativação econômica mais rápida", argumentam.

Mesmo com gastos públicos maciços, essenciais para a recuperação, "as perdas de emprego serão traumáticas e uma reativação pós-vírus completa levará de 12 a 18 meses", estima Gregory Daco, da Oxford Economics.

Mas quando relaxar as medidas restritivas? Quando a China restaurou a liberdade dos habitantes das regiões afetadas após dois meses de confinamento e os países europeus começaram a pensar em um calendário, o presidente americano, Donald Trump, considerou que esta será a decisão mais importante de sua vida.

"Teremos que avançar devagar ... E teremos contratempos", disse Karen Dynan, ex-chefe do Tesouro dos EUA.

Contração de 3,4% em 2020

Os Estados Unidos começaram o ano com a economia a todo o vapor, com o desemprego em seu nível mais baixo em 50 anos.

Mas a crise do coronavírus trouxe uma reviravolta inesperada: 17 milhões de desempregos em apenas três semanas.

A economia deve registrar uma contração de 20% em abril e outros 20% em maio, alertou Dynan na sexta-feira, projetando um declínio econômico de 8% em 2020.

Para todo o mundo, é esperada uma queda de 3,4%, uma previsão mais pessimista do que as já publicadas.

Por outro lado, até 2021, a previsão é de uma expansão de 7,2%.

No entanto, ele reconhece que muitos de seus colegas do centro de estudos do Peterson Institute não compartilham seu otimismo.

Nos Estados Unidos, a injeção maciça de liquidez na economia aumentará ainda mais o déficit fiscal, algo que começará a aparecer em abril.

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