Jerome Powell: presidente do Federal Reserve | Foto: Andrew Harrer/Bloomberg (Andrew Harrer/Bloomberg)
Ligia Tuon
Publicado em 28 de outubro de 2019 às 12h02.
Última atualização em 28 de outubro de 2019 às 12h44.
Autoridades do banco central americano devem sinalizar pausa nos cortes de juros após uma redução nesta semana, de acordo com a maioria dos economistas consultados pela Bloomberg.
Em pesquisa realizada entre 21 e 24 de outubro com 40 economistas, 85% esperam que o comitê de política monetária (FOMC) do Federal Reserve diminua a taxa básica em 0,25 ponto percentual no encerramento de uma reunião de dois dias em Washington, na quarta-feira. Assim, o intervalo para a meta do Fed recuaria para 1,5%-1,75%.
Além disso, 56% dos entrevistados entendem que, se de fato houver o corte, a instituição sinalizaria — por meio do comunicado ou dos comentários do presidente Jerome Powell durante a entrevista coletiva logo após o encontro — que deve fazer uma pausa antes de voltar a mexer nos juros.
“Pode muito bem ser um corte de postura mais rígida, porque Powell tende a sinalizar alguma resistência a reduzir mais as taxas”, disse Thomas Costerg, economista sênior para os EUA na Pictet Wealth Management, em Genebra.
O Fed já baixou os juros duas vezes este ano, em julho e setembro. Não por prever uma piora significativa, mas porque os riscos de uma escorregada aumentaram.
Powell no mês passado comparou isso a fazer um “seguro”. Embora o desemprego nos EUA esteja baixo, a criação de vagas robusta e o gasto do consumidor sólido, ele citou a desaceleração do crescimento global, incertezas relacionadas a tensões comerciais e inflação abaixo da meta como razões para diminuir os juros.
Após esta reunião, a grande dúvida é se Powell e colegas entendem que três cortes de 0,25 ponto são seguros o suficiente. Mesmo que for o caso, nada garante que Powell dirá isso. Na entrevista coletiva de setembro, ele evitou dar indícios sobre o futuro dos juros, mesmo diante de repetidos questionamentos.
“O Fed está se abstendo de fornecer orientações futuras, dizendo que as decisões sobre juros são tomadas a cada reunião”, disse Kathleen Bostjancic, economista da Oxford Economics, em Nova York. “No entanto, se o Fed desejar interromper os cortes de juros na reunião de dezembro, o presidente Powell deve dar alguma indicação na coletiva de imprensa.”
Nem todos concordam com essa perspectiva. Brian Wesbury, economista-chefe da First Trust Portfolios, não espera essa sinalização porque as incertezas que o Fed usou para justificar cortes nas taxas não diminuíram.
“China e EUA não chegaram a um acordo, a Europa ainda está lenta e fraca e o Brexit não terminou”, disse ele. “Eles não podem colocar um piso porque isso passaria a mensagem de que já fizeram o suficiente para corrigir a incerteza ou que a incerteza ficou para trás e não ficou.”
Segundo as projeções medianas, os entrevistados esperam que o Fed reduza os juros mais uma vez em 2020, em linha com os contratos futuros da taxa básica, que implicam redução adicional ao redor de 0,40 p.p. até o fim do ano que vem.
Uma enquete separada mostrou que os economistas enxergam riscos significativos para a economia dos EUA. Como grupo, eles atribuíram probabilidade mediana de 30% de o Fed zerar os juros antes do final do próximo ano.