Economia

Economista considera queda no varejo uma "acomodação natural"

O setor apresentou três altas consecutivas, o resultado baixo de fevereiro é um movimento natural para o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio

Queda de 1% no desempenho das vendas do varejo, observada na passagem de janeiro para fevereiro, é atribuída ao efeito calendário, já que fevereiro tem três dias úteis a menos (Philippe Huguen/AFP)

Queda de 1% no desempenho das vendas do varejo, observada na passagem de janeiro para fevereiro, é atribuída ao efeito calendário, já que fevereiro tem três dias úteis a menos (Philippe Huguen/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2012 às 14h48.

Rio de Janeiro - O desempenho do comércio varejista no país em fevereiro, que registrou queda de 0,5% em relação a janeiro, reflete uma acomodação do setor, que apresentou expansão por três meses consecutivos, desde novembro de 2011. A avaliação é do gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), Reinaldo Pereira. Os resultados da pesquisa de fevereiro foram divulgados hoje (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o economista, apesar da “leve queda” observada na passagem de janeiro para fevereiro, as vendas no varejo tiveram “bom resultado” quando comparadas ao mesmo período de 2011, com crescimento de 9,6%. Ele explicou que o movimento foi puxado pelos hipermercados e supermercados; produtos alimentícios e por bebidas e fumo, que registraram expansão de 11,8% no volume de vendas na comparação com fevereiro do ano passado. Segundo Pereira, o arrefecimento dos preços dos produtos alimentícios aqueceu as vendas.

“No início do ano passado, a alimentação estava cara em consequência da elevação dos preços das commodities [produtos primários cujos preços tem cotação internacional]. Agora, os preços dos alimentos vêm diminuindo e a gente acredita que isso estimulou a demanda”, afirmou.

O gerente da pesquisa acrescentou que o setor que inclui hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi responsável por mais da metade do crescimento do comércio como um todo, contribuindo com 58% da taxa. Ele também destacou que o setor de móveis e eletrodomésticos, com alta de 13,3% nesta mesma base de comparação (fevereiro de 2012 com fevereiro de 2011), veio logo em seguida, contribuindo com 24,9% da formação da taxa de crescimento.

Por outro lado, as vendas de veículos, motos, partes e peças automotivas tiveram “queda forte” de 10%. Ele acredita que o aumento do imposto para veículos importados contribuiu para o mau desempenho. “As próprias montadoras estavam importando muitos automóveis para vender aqui porque, com o real valorizado, estava saindo mais barato”.

Já a queda de 1% no desempenho das vendas do varejo, observada na passagem de janeiro para fevereiro, é atribuída ao chamado efeito calendário, já que fevereiro teve três dias úteis a menos que janeiro.

Para os próximos meses, o gerente da pesquisa do IBGE disse que é preciso aguardar os efeitos das medidas que o governo está adotando para estimular o consumo interno, como a prorrogação da redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da linha branca, que inclui fogão, geladeira e máquina de lavar, e para os móveis.

“O que vemos, ao longo do tempo, é que 2010 foi um ano bom, com curva [de vendas no varejo] ascendente. No fim daquele ano, o governo, preocupado com a inflação, adotou algumas medidas macropudenciais, o que fez a curva cair. Ela continuou caindo e agora, neste início de 2012, o governo tem tomado várias medidas para estimular o consumo interno. Temos que aguardar para ver se essas medidas realmente terão efeito e vão fazer a curva voltar a ser ascendente”, disse Pereira.

Acompanhe tudo sobre:ComércioConsumoEstatísticasIBGEVarejo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto