Economia brasileira: o Brasil é o verdadeiro modelo de 2017, considerando a aceleração do crescimento em meio à recuperação da pior recessão do país em um século (Alessandro Garofalo/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2017 às 18h29.
Nova York/Washington - Espere mais notícias boas que ruins no que diz respeito ao crescimento global deste ano, liderado pela recuperação de várias das maiores economias da América Latina, pela aceleração nos EUA e pela força contínua na China e na Índia.
A expectativa é que 62 economias apresentarão melhora em comparação com o ano passado, enquanto 33 registrarão piora, segundo análise das últimas projeções de consenso da Bloomberg.
A Argentina e o Brasil, ambos prestes a passar da contração para a expansão, estão perto do topo da lista, junto com os exportadores de energia Nigéria e Rússia, que ocupam boas posições graças à recuperação do preço do petróleo em relação ao menor patamar em 13 anos, atingido em janeiro de 2016.
Apesar de na verdade ter aparecido em primeiro lugar em termos de maior melhora econômica -- 7,5 pontos percentuais de 2016 para 2017 --, a Venezuela ainda enfrenta uma profunda crise econômica, com uma inflação alta e escassez de alimentos e outros produtos básicos.
Já o Brasil é o verdadeiro modelo de 2017, considerando a aceleração do crescimento em meio à recuperação da pior recessão do país em um século.
Freado pelo maior escândalo de corrupção de sua história, que coincidiu com o impeachment de uma presidente, o Brasil agora se beneficia com o aumento dos preços das commodities em um momento em que o presidente Michel Temer tenta fortalecer as finanças do país e estimular a atividade do setor privado.
Uma dinâmica similar está ocorrendo na Argentina, onde o crescimento deverá acelerar mais de 5 pontos percentuais neste ano, mas provavelmente será ofuscado pela inflação alta.
Alguns países têm menos motivos para comemorar. Na Islândia, o crescimento deverá cair para 4 por cento em 2017, contra 7,1 por cento no ano passado, juntamente com o da Romênia, onde os protestos têm se repetido, o da Espanha, afetada pelo desemprego, e o do México, alvo frequente do presidente dos EUA, Donald Trump.
O crescimento dos EUA deverá registrar uma aceleração respeitável neste ano, para 2,3 por cento, enquanto os gigantes dos mercados emergentes China e Índia continuarão causando inveja ao resto do mundo -- crescendo 6,5 por cento ou mais cada --, apesar da expectativa de desaceleração marginal em comparação com 2016.
A velocidade prevista do crescimento na África do Sul pode ser um pouco enganosa, porque há poucos sinais de força subjacente na economia e mais reflexos de como 2016 foi ruim para o país, que enfrentou uma seca histórica e greves generalizadas.
As maiores economias da Europa, por sua vez, devem se preparar para a redução de seu crescimento já sem brilho, inclusive o Reino Unido, que deverá iniciar as negociações do Brexit com a União Europeia.
O destaque do continente em termos de crescimento é a França, cujas eleições de 2017 serão acompanhadas de perto por ser um momento crucial para a UE e para a zona do euro.