Guardia: "O que a gente tem que discutir agora é qual é o impacto disso (a paralisação dos caminhoneiros), e vi muitos números que me parecem excessivos" (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 11 de junho de 2018 às 18h41.
São Paulo - A economia brasileira voltou ao normal, após desabastecimentos e perdas causadas pela paralisação de caminhoneiros, retomando a trajetória de crescimento, mas precisa que as reformas continuem para atingir um desempenho sustentável, disse nesta segunda-feira o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
Falando a jornalistas em São Paulo, o ministro avaliou como "descabido" discutir mudanças na meta de inflação antes da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para a última semana do mês.
Composto por Guardia, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, o CMN decidirá a meta de inflação de 2021 na reunião deste mês.
A recuperação da economia brasileira vinha ocorrendo em escala crescente no primeiro trimestre, mas o ritmo perdeu força e não se repetirá nos próximos trimestres, segundo o ministro do Planejamento. Na avaliação de economistas do mercado consultados pelo Banco Central todas as semanas no boletim Focus, a expansão da economia será inferior a 2 por cento neste ano.
A economia brasileira acelerou ligeiramente no primeiro trimestre, avançando 0,4 por cento sobre os três meses anteriores, em linha com estimativas do mercado.
Já o desempenho do segundo trimestre se tornou mais difícil de prever depois dos 11 dias de paralisação dos caminhoneiros, que causou desabastecimento de insumos para a indústria e de produtos básicos para o consumidor, além de gerar perdas estimadas de mais de 5 bilhões de reais na agropecuária.
A questão foi solucionada com um pacote fiscal ao custo de 13,5 bilhões de reais, levantando ainda dúvidas sobre a sustentabilidade das contas do governo.
"Não há dúvida de que a greve teve prejuízos para o país, a greve paralisou o país durante 10 dias, tivemos desabastecimento, afetou diversos setores da economia, inclusive a atividade dos próprios caminhoneiros", disse Guardia.
"O que a gente tem que discutir agora é qual é o impacto disso e eu vi muitos números que me parecem excessivos."
Segundo Guardia, a alta de preços influenciada pela falta de produtos que não conseguiam chegar ao consumidor pela paralisação nas estradas tende a não contaminar a economia por muito tempo.
"No momento da greve você teve desabastecimento e preços subiram, refletindo a falta da disponibilidade desses bens. Na medida que a economia volta a funcionar, os preços voltam à sua normalidade", afirmou.