Economia

Economia: mudanças para recuperação judicial e falência pode sair este ano

Novas regras para a questão foram apresentadas ainda no governo Temer, mas não avançaram no parlamento; Executivo prepara uma nova proposta

Waldery Rodrigues: secretário do ministério da Economia falou sobre projeto com novas regras para RJ e falência (Albino Oliveira - Ministério da Economia/Flickr)

Waldery Rodrigues: secretário do ministério da Economia falou sobre projeto com novas regras para RJ e falência (Albino Oliveira - Ministério da Economia/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de outubro de 2019 às 17h31.

Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 17h33.

Brasília — O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, defendeu nesta quarta-feira (9) a revisão da lei de falências e recuperação judicial pelo Congresso Nacional, e disse acreditar na aprovação do novo marco para esses processos ainda este ano.

"O sistema de recuperacional e falimentar no Brasil precisa ser melhorado, com impactos importantes na geração de emprego e renda", afirmou, em audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo Waldery, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já conversaram sobre o assunto e senadores também já estariam envolvidos no debate.

Um novo marco legal para a recuperação judicial de empresas era uma promessa do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, mas o texto apresentado ainda no governo Temer não avançou no parlamento. Agora, após três meses de trabalho em conjunto com a Economia, o deputado Hugo Leal (PSD-RJ) propõe um projeto mais enxuto, mas que flexibiliza o parcelamento de débitos com a União, autorizando essas companhias a negociarem maiores prazos e descontos com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

Entre as principais mudanças proposta está o reequilíbrio do poder dos credores nos processos de recuperação judicial, inclusive com a vedação da distribuição de lucros e dividendos. "Também buscamos maior segurança jurídica em todas as cláusulas desses processos, incluindo a alienação de bens", afirmou.

Waldery destacou ainda a solução do Fisco para a tributação do chamado haircut - desconto nas dívidas em processos de recuperação judicial - e do ganho de capital na alienação de bens - nos casos de falência. As companhias também poderão utilizar créditos tributários de prejuízos passados para quitarem uma série de débitos com a União.

O projeto tem ainda um capítulo específico para tratar das falências transnacionais e também traz revisão de prazos e facilitação para encerramento dos processos falimentares. "Precisamos desburocratizar e dar celeridade a esses processos. O sistema tem que funcionar bem, os agentes têm que sair melhor do que entraram no processo, e a falência tem que ter um processo crível", destacou.

Waldery citou que as cerca de 7.200 empresas em recuperação judicial e as 200 em falência no País acumulam R$ 281 bilhões em operações de crédito. O secretário reforçou que a taxa de recuperação de crédito no País é de apena 14,6%.

O deputado Hugo Leal adiantou que a recuperação judicial e a falência de micro e pequenas empresas deverão ser tratadas em um projeto em separado. "Produtores rurais, sociedades esportivas e outros segmentos também passarão por outra discussão, para não contaminar esse debate", completou o parlamentar.

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